Operação Falsas Promessas: Justiça baiana determina soltura de rifeiro suspeito de lavagem de dinheiro

31 de Oct / 2024 às 12h44 | Policial

A Justiça da Bahia determinou a soltura do rifeiro José Roberto Santos, mais conhecido como Nanam Premiações, nesta quarta-feira (30). Ele é suspeito de lavar dinheiro para o tráfico de drogas, por meio de sorteios ilegais.

Segundo o advogado Pedro Fernandes, que representa a defesa de Nanam, ele saiu do Complexo Penitenciário Lemos de Brito, em Salvador, e vai usar tornozeleira eletrônica. Além disso, deverá entregar passaporte e não vai poder sair de Salvador por mais de sete dias sem autorização judicial.

Além de Nanam, outras cinco pessoas tiveram a soltura determinada pela Justiça. São elas: Marcos David Nascimento, Flávio Andrade de Azevedo, João Nilton Laurentino, Joabe Vilas Boas Bonfim e José Aparecido Santos Lins

Nanam Premiações, o influenciador digital Ramhon Dias e outras pessoas foram presas no âmbito da Operação "Falsas Promessas", deflagrada no dia 5 de setembro. Um suspeito morreu em confronto com a polícia. O pedido de revogação da prisão temporária de Ramhon Dias e outras 16 pessoas foi negado e eles seguem detidos.

Durante a operação 48 mandados foram cumpridos contra o grupo criminoso suspeito de movimentar meio bilhão em transações financeiras ilícitas. Ao todo, foram 14 mandados de prisão na Bahia, cinco em Goiás, um no Ceará, um no Espírito Santo e 26 mandados de busca e apreensão. Além disso, 40 veículos, lanchas e motos aquáticas foram apreendidas.

Segundo a Polícia Civil, a organização criminosa almejava aproveitar a estratégia midiática realizada pelos contraventores e a aparente influência social e política deles para burlar a fiscalização mais efetiva sobre a origem do capital.

Tanto Ramhon Dias quanto José Roberto, o Nanam Premiações, são conhecidos por divulgar rifas nas redes sociais. Ramhon chegou a divulgar um sorteio com prêmio de R$ 400 mil. Já Nanam dizia sortear carros de luxo, com custo de R$ 239 mil, como o Mini Cooper.

"Que minhas conquistas sirvam de inspiração para os menores que sonham assim como eu sonhei em um dia em ter um carro na hora, uma moto na hora", escreveu o rifeiro em uma publicação.

Para a polícia, no entanto, os sorteios eram falsos e os valores ou itens premiados nem sequer eram entregues aos supostos ganhadores.

"Esse grupo lavava o dinheiro do tráfico de drogas através de rifas com sorteios falsos. Aquela toda tramitação através das redes sociais, dos influenciadores, com premiações de carros, que na verdade, não acontecia", explicou a diretora do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco), Márcia Pereira.

O padrão de vida exibido por Ramhon e Nanam também chamava atenção. O influenciador se apresenta com empresário e "máquina de prêmios" nas redes sociais. Ele apagou todas as postagens de seu perfil oficial. Em setembro, Ramhon tinha 447 mil seguidores no Instagram. Atualmente, tem 439 mil.

Nanam é mais popular na plataforma e reúne 1 milhão de seguidores. Na conta, ele exibia celulares de alto modernos, carros e motos de luxo.

Eram veículos como T-Cross, Jeep Compass e Mini Cooper, que custam respectivamente em torno de R$ 119 mil, R$ 182 mil e R$ 239 mil. Uma imagem chega a mostrar uma carreta, carregada com veículos que supostamente seriam sorteados por ele.

Com todos os mandados de busca e apreensão cumpridos, não apenas contra os famosos baianos, a polícia apreendeu dezenas de carros e motos de luxo, lanchas, relógios e roupas de grife.

Entre os itens estavam um relógio cravejado de diamantes, bolsas avaliadas R$ 14 mil e um tênis de R$ 17 mil. Os agentes apreenderam ainda armas de fogo, munições e dinheiro em espécie.

De acordo com a polícia, durante a operação, um homem resistiu à prisão, trocou tiros com a polícia, foi baleado e morreu. Ele foi identificado como Sueliton de Almeida Coelho e era suspeito de chefiar o tráfico de drogas no bairro do Nordeste de Amaralina.

Sueliton foi apontado como o alvo prioritário da operação "Falsas Promessas" e tinha mandado de prisão expedido pela Justiça. O papel dele na organização criminosa seria a responsabilidade por toda a logística de distribuição de drogas e armas de uma das maiores facções criminosas com atuação na capital baiana.

Na Bahia, cerca de 200 policiais estiveram envolvidos na ação, que também investiga suspeitos de tráfico de drogas em Juazeiro, Santo Antônio de Jesus e São Felipe.

A operação "Falsas Promessas" foi realizada pelo Departamento de Repressão e Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (Draco-LD) com o apoio do departamentos Especializado de Investigações Criminais (DEIC), de Inteligência Policial (DIP), de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) e de Polícia do Interior (Depin), das Coordenações de Operações e Recursos Especiais (Core), de Operações de Polícia Judiciária (COPJ), e da Corregedoria da Polícia Civil (Correpol), além das polícias civis de Goiás, Ceará e Espírito Santo.

G1 Bahia

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