A comunicação deve ser incorporada às organizações e às políticas públicas como elemento-chave para planejar, implementar e operacionalizar decisões para otimizar a gestão ambiental. Ela é capaz de disponibilizar dados e informação, educar, engajar, conscientizar e criar senso de responsabilidade sobre o meio ambiente. Para isso, foi elaborado o guia Diretrizes para a Comunicação da Gestão Ambiental, a partir de normativas nacionais e internacionais, manuais e literatura científica.
Com autoria de Juliana de Oliveira Vicentini e Odaléia Telles Marcondes Machado Queiroz a publicação é parte da pesquisa desenvolvida no âmbito do pós-doutorado realizado no Programa USPSusten (USP Sustentabilidade), vinculado e financiado pela Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP, e já está disponível para download gratuito no Portal de Livros Abertos neste link.
O guia apresenta orientações para a implementação ou aprimoramento da comunicação externa de informações, ações, conquistas, políticas e auditorias vinculadas à Gestão Ambiental, com o objetivo de auxiliar no planejamento e gerenciamento ambiental. “No que se refere à política, ela (Gestão Ambiental) regula ou modifica o uso, controle, proteção, preservação e conservação ambiental. A respeito do planejamento, ela abrange investigação e diagnóstico ao uso, controle e proteção ambiental seguindo às exigências impostas pela política ambiental vigente. O gerenciamento contempla ações acerca da regulação e avaliação da regularidade ambiental baseada em princípios estabelecidos”, informam as autoras.
Como destacam as autoras, a comunicação ambiental é complexa e múltipla: “Isso se deve ao fato de que a abordagem dos temas envolve diversas áreas a exemplo da ecológica, biológica, econômica, jurídica, política e comportamental, além dos conhecimentos técnicos, científicos e não científicos. Também há uma diversidade de agentes sociais engajados como gestores, pesquisadores, ativistas e cidadão”. Segundo elas, as questões ambientais são variadas e a sua comunicação pode ser organizada em 11 eixos principais, entre eles, Desafios ambientais, Educação ambiental, Avaliação de impacto ambiental e Práticas ESG (Environmental; Social; Governance).
Além disso, há várias etapas para uma comunicação ambiental estratégica. Para as as autoras, ela envolve as seguintes etapas: análise situacional, definição do objetivo, público-alvo, recorte geográfico, temas de interesse, engajamento de pessoas, enquadramento da mensagem, comunicação emergencial ou de crise, canais de comunicação, formato, periodicidade, parcerias, autoria, porta-voz, banco de dados, rastreamento e avaliação. O diagnóstico situacional é o primeiro passo e deve contemplar o lugar da comunicação, equipe, atribuições para a equipe, recursos financeiros, infraestrutura, lições apreendidas e popularidade.
Outro ponto importante abordado pelo guia são as parcerias, ou seja, arranjos entre a organização e as partes interessadas que possuem interesses comuns. “Elas são estabelecidas para as mais diversas finalidades, como disponibilizar ou complementar dados, prestar serviço especializado, divulgar as peças de comunicação, engajar pessoas ou captar recursos”, informam as autoras. E acrescentam: “As parcerias podem ocorrer a partir da identificação de grupos estratégicos dos mais diversos âmbitos da sociedade, a exemplo do governamental, acadêmico, midiático, privado, terceiro setor e comunidades locais”.
O guia também ressalta a importância da criação de um acervo da comunicação ambiental. Como dizem as autoras, isso é fundamental para registrar, permitir rápida localização e consultar dados, bem como para evitar a circulação de informações em duplicidade.
A publicação, reiteram as autoras, apresenta diretrizes gerais para contribuir com a implementação ou aprimoramento da comunicação ambiental nas organizações. “Espera-se que ele possa ser um recurso para encorajar a inclusão de práticas comunicacionais no cotidiano organizacional e em políticas públicas, e para apoiar ações e projetos para a promoção da sustentabilidade ambiental”, concluem.
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