Cuidados paliativos: os avanços de área da saúde dedicada a trazer paz e conforto a quem tem uma doença incurável

21 de Oct / 2024 às 14h00 | Variadas

Conforto, qualidade de vida e alívio do sofrimento. Estes são alguns dos objetivos dos cuidados paliativos, uma área específica da medicina voltada aos pacientes em fim de vida ou que recebem diagnóstico de uma doença que ameaça a continuidade de suas existências.

Segundo o médico intensivista e paliativista Daniel Neves Forte, o cuidado paliativo não busca cuidar da morte, mas da vida. “As pessoas não querem morrer, elas querem viver bem. Acho que é isso que o cuidado paliativo busca: cuidar da vida, e vida só é vida porque tem morte”, diz.

Ana Claudia Quintana é médica geriatra e especialista em cuidados paliativos. Ela viajou liderando um grupo disposto a refletir sobre o tempo, o envelhecimento e a finitude. A doutora compara uma viagem ao deserto ao caminho para o envelhecimento e ao fim da vida.

"Quando você tem um diagnóstico de uma doença que ameaça a sua vida, você tem a experiência da chegada no deserto. Você tem uma aridez muito grande, você se sente mal com o tratamento. É a mesma metáfora. Como que você vai viver o oásis aqui? Através das pessoas que te apoiam", afirma.

O Fantástico, exibido na TV Globo,  de domingo (20) acompanhou algumas pessoas em seus desertos particulares.

Na Casa do Cuidar, fundada pela doutora Ana Claudia, pacientes com doenças sem cura e suas famílias recebem acolhimento. Esse é o caso da Sandra Gonçalves. Aos 43 anos, ela descobriu um câncer de mama, que foi tratado, mas voltou e atingiu os ossos.

“Sou metastática desde o final de 2015 e sou paciente paliativa desde então. O meu tratamento não tem cura", conta.

Eu acredito muito em Deus e eu sei que só vai acontecer o que tiver que acontecer. Quando a morte chegar vai me encontrar vivendo", relata.
Sandra, que recebe assistência no SUS e apoio psicológico voluntário na Casa, também atua como coordenadora de um grupo de acolhimento.

Outra história contada pela reportagem foi a de Priscila dos Santos, mãe de três filhos pequenos. Em 2021, ela descobriu e tratou um câncer de mama, mas, em 2023, a doença voltou e se espalhou pelos ossos, pulmões e no cérebro.

"Quando eu li no meu laudo, eu olhei para o meu pai e falei: 'pai, acho que eu tenho pouco tempo de vida, né?'", relata.
Com a ajuda médica, Priscila conseguiu manter as dores controladas. Os cuidados permitiram a Priscila pensar no futuro. Com ajuda psicológica, ela criou estratégias para para alimentar a memória dos filhos.


“Eu tenho alguns planos de fazer cartas, em determinadas fases da vida deles. Tipo, o aniversário ou dia das mães para eles lerem os três juntos", conta.
Ela também organizou questões práticas, como o testamento vital.

“Eu não quero gerar sofrimento para mim e para minha família. Bateu a hora, deixa ir. Vai em paz, com calma", afirma.
"Eu estou nomeando minhas duas irmãs como tutoras. É uma manifestação de vontade. Até o dia do meu velório, eu estou programando isso tudo já. Estou tentando levar na melhor, no jogo de cintura", completa.

"Estou viva hoje. Eu não quero ser aquela pessoa carregada, amargurada, não. Eu quero leveza", relata Priscila.

Sandra se tornou uma espécie de “sentinela” para Priscila, acompanhando-a em seus últimos momentos e até atendendo a pedidos simples, como pintar suas unhas. No último domingo (13), Priscila faleceu em casa, cercada de amor e cuidado.

Fantástico/Programa TV Globo e CNN

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