O monitoramento das eleições 2024, realizado pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV), em parceria com a equipe de matemática, ambos da Universidade de São Paulo, apura os temas que geraram maior engajamento nas mídias sociais.
O projeto, intitulado Criminalidade, Insegurança e Legitimidade: Uma Abordagem Transdisciplinar, visa a entender as interações entre segurança pública, direitos humanos e a opinião pública, oferecendo uma análise do papel das mídias sociais na disputa eleitoral.
Segundo Pablo Romero Almada, pesquisador de pós-doutorado no NEV, o projeto tem como objetivo monitorar os discursos nas mídias sociais e sua influência na legitimidade das instituições democráticas, especialmente durante as eleições. Confira reportagem na integra Aqui-Jornal da USP.
“Esse projeto tende a analisar as relações de legitimidade democrática e a opinião pública. Como a gente está analisando as eleições, a gente busca analisá-las para entender como esses elementos de legitimação das instituições aparecem nesse momento”, explicou. Essa análise busca entender como os temas mais debatidos afetam a percepção dos eleitores sobre a segurança pública e outros direitos.
O uso das redes sociais, de acordo com Almada, tem mostrado uma grande diversidade de práticas, dependendo da plataforma. Redes de vídeo, como Instagram e TikTok, têm um poder de engajamento muito maior do que o Facebook e o Twitter em eleições recentes. O pesquisador apontou que, muitas vezes, conteúdos políticos são misturados a outros tipos de postagens, o que pode confundir os eleitores. Além disso, o papel dos algoritmos é destacado, uma vez que nem sempre o conteúdo visto é diretamente produzido pelos candidatos, mas sim por perfis paralelos, como os canais de corte.
Entre os temas mais recorrentes, o primeiro relatório da equipe indicou que os candidatos oriundos da segurança pública tendem a mobilizar discursos focados em políticas de vigilância, como o uso de câmeras corporais, enquanto candidatos jovens tendem a levantar discussões ideológicas; perfis raciais, por outro lado, frequentemente tratam da construção da ideia de periferia. No segundo relatório, o especialista afirma: “Além desses temas, a gente adicionou também o que as agências de fact-checking estavam analisando. Isso foi bastante interessante, porque a gente conseguiu ver também como elas acabaram tendo um papel importante na investigação sobre temas relacionados às mobilizações do 7 de setembro. De uma forma geral, esse segundo relatório traz também uma novidade na temática, que é justamente essa questão de como os perfis crescem tão rápido”.
Outro ponto interessante levantado pelo estudo é a rapidez com que certos perfis conseguem crescer nas redes sociais, impulsionados pelos algoritmos. “Isso acaba confundindo os usuários e criando cenários complexos e conturbados para que o usuário, quando ele acesse as redes sociais, tenha diretamente um acesso à informação”, complementa Almada.
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