O Brasil vive a maior seca da história e a estiagem, que afeta o país inteiro, é ainda pior na região Norte. No Amazonas, mais de 300 mil pessoas sofrem com a estiagem. Cada vez mais, as águas dos rios perdem espaço para os bancos de areia no Amazonas. Em várias cidades do interior, há registro de problemas de abastecimento de insumos e água potável.
Na região de Tabatinga, a 1.100 quilômetros de Manaus, o rio Solimões secou em vários trechos.
"Olha, sou pescador aqui há mais de 40 anos, eu nunca vi seca como essa aqui no nosso Amazonas. A gente caminha para pegar o peixe mais de 40 minutos. Nunca vi seca como essa", lamenta o pescador Benedito Catique.
O governo decretou estado de emergência em todos os 62 municípios. Neste ano, a estiagem chegou com dois meses de antecedência e atinge quase 310 mil pessoas.
Segundo monitoramento do governo do Amazonas, o nível dos rios que cortam o estado está descendo com rapidez. Em Manaus, o Rio Negro baixa, em média, 25 cm por dia e está cerca de 4 metros abaixo em relação ao nível do mesmo período do ano passado.
O g1 teve acesso, com exclusividade, a dados do Governo Federal que mostram que, neste ano, estiagem afeta o país inteiro, com exceção do Rio Grande do Sul. É a pior seca da série histórica, iniciada há 74 anos.
Imagens do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais, o Cemaden, mostram o avanço da seca no país desde 2012. Os dados de 2024 são parciais, mas já registram que esta é a seca mais extensa e mais severa do Brasil.
"Tivemos grande secas em 1998, depois em 2015 e 2016, e agora a seca de 2023 e 2024 supera todas essas anteriormente classificadas como as mais intensas. E com isso, com a duração mais longa da seca, os impactos vão se intensificando também", afirmou Ana Paula Cunha, pesquisadora do Cemadem.
No Amazonas, as queimadas se espalharam pela floresta no sul do estado e cobriram boa parte dos municípios com uma nuvem de fumaça.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o Inpe, registrou 3.224 focos de incêndio no bioma Amazônia. No mês, já são 36.088, mais que o dobro do mesmo período do ano passado.
"Com o aumento das emissões de gases de efeito estufa, através do aumento da exploração de petróleo e com o aumento do desmatamento das florestas tropicais, não há a menor dúvida para a ciência de que essas secas mais intensas vão se tornar mais frequentes e vão se tornar cada vez mais fortes. E isso impacta demais o bioma amazônico. Isso impacta a incidência de queimadas com seus efeitos na saúde da população nas áreas urbanas, mas também das populações indígenas, inclusive as isoladas", explica Paulo Artaxo, diretor do Centro de Estudos Amazônia Sustentável da USP.
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