Artigo: Silvio Santos, o eterno comunicador

17 de Aug / 2024 às 23h00 | Espaço do Leitor

Quem é? quem foi Um comerciante que vendia sonhos, condicionados em um inigualável sorriso que virou sinônimo de domingo?

Um apresentador que durante décadas descobriu a classe C,D e E e graças a ela fez fortuna? 

Silvio Santos nos deixou neste sábado (17) e será sempre lembrado como o rei da televisão no Brasil. Mas foi em outra plataforma que ele começou o que se tornaria um legado incomparável na história da comunicação brasileira: no rádio. 

Ou simplesmente um empresário-artista, pai de seis filhos, de origem humilde, que um dia sonhou ser presidente da República, é dono da própria emissora de TV, o SBT, que hoje faz história no jornalismo com programas “combativos e opinativos”.

Silvio Santos ou Senor Abravanel, na biografia escrita por Fernando Morgado, professor da Faculdade Hélio Alonso, do Rio de Janeiro, é, acima de tudo um camelô de sucesso. Como camelô e, mais ainda, como comunicador. Imbatível!

Sucesso em todas as frentes. Silvio vendia de tudo na adolescência: bijuteria, cortes de tecido, sapatos sob medida, anúncios nas barcas Rio-Niterói. E ganhava dinheiro.

Até como radialista. Foi o primeiro colocado em um teste na rádio Guanabara (hoje Bandeirantes) disputando vaga com Chico Anysio. Trabalhou na rádio Nacional (atual Globo) e deu seu grande salto com o Baú da Felicidade. As vendas se renovaram e se ampliaram: agora, eram casas, automóveis, serviços financeiros. Agora havia o grupo Silvio Santos. Era o ano de 1971. Depois vieram as áreas de previdência privada, as operações de câmbio, capitalização e os planos de saúde. Sempre o alvo estratégico eram os pobres.

A comunicação estava na base de tudo. Com o SBT, em 1991, Silvio, que esteve à beira da falência anos antes, deu a volta por cima e recomeçou a crescer. Novamente a comunicação era a chave do sucesso.

Em 2010, Silvio Santos e suas 44 empresas estiveram mais uma vez diante do fantasma da falência por força da crise do banco PanAmericano. Mais uma vez ele se revelou o comunicador que é: vendeu o banco, demitiu executivos, muitos o acompanhavam durante anos, e aos 80 anos retomou as rédeas dos negócios. Antecipou-se: não deixou a crise agravar-se. Graças a um trabalho de décadas, tinha a opinião pública a seu favor. Isso era um trunfo inestimável.

“O grupo Silvio Santos tornou-se um caso único, pois suas atividades não surgiram apenas de oportunidades levantadas do mercado, mas também de espaços abertos pela capacidade de comunicação do seu acionista majoritário com o público, especialmente o de menor renda”, avalia o autor. E assim foi: os pobres que deram o toque de Midas a Silvio Santos, podem fazer o Brasil também um grande país, se descobertos.

Carioca, Silvio Santos nasceu em 12 de dezembro de 1930. É um homem extremamente discreto, que se auto define como “muito completivo tanto que quando não há com quem competir acabo competindo comigo mesmo”.

O Brasil inteiro lamento a morte do Silvio Santos neste sábado.

Francisco Viana

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