Mudanças significativas ocorreram ao longo das últimas décadas, afetando de cheio o conjunto da sociedade, desde as questões mais simples até as mais complexas. Mudanças que atingiriam, e nem sempre positivamente, o modo de se conceber a cultura, em especial a cultura dita popular.
A chamada cultura de massa, diuturnamente veiculada pelos grandes veículos midiáticos – especialmente a televisão –, tem operado como um verdadeiro rolo compressor em relação às formas tradicionais de expressão popular.
Voltados para os interesses do mercado, tais veículos não só demonstram desapreço para com as formas de cultura oriundas do povo, como trabalham para esvaziá-las, ou até mesmo suprimi-las. O objetivo parece claro: privar o povo do seu capital cultural para em seguida cooptá-lo em benefício da propaganda mercantilista.
Caso típico é o do nordeste da Bahia. Conforme observa o professor José Plínio de Oliveira, da Universidade Estadual da Bahia, “muitas das manifestações culturais de domínio popular da Região Sisaleira do Estado da Bahia acham-se agora ameaçadas de extinção. Há um vácuo que está sendo alargado pela circulação intensa da indústria cultural em detrimento das culturas de raízes populares nestes espaços sertanejos”. O que vem provocando, segundo o acadêmico, uma verdadeira “desertificação nostálgica”.
Tal situação torna cada vez mais urgente a adoção de políticas públicas voltadas à preservação desse importante recorte do fazer cultural.
Nesse sentido, há que se atentar para a necessidade de um plano de cultura (em nível de território e de município) que contemple desde o fomento e a promoção da cultura popular, até a inserção deste tema nos currículos escolares.
Desta forma, estaremos dando um importante passo na direção da plena cidadania, cuja construção passa também pelo respeito que se devota à tradição cultural, nos seus mais diferentes níveis e formatos.
José Gonçalves do Nascimento
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