Delegacias de Defesa da Mulher fecham durante os horários de maior pico de violência de gênero

21 de Jul / 2024 às 06h00 | Variadas

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2023, um em cada cinco feminicídios em 2022 ocorreram aos domingos, equivalente a 22% dos registros semanais.

O segundo dia com mais registros é sábado, com 17%. Além disso, 40% dos casos de violência contra a mulher acontecem durante a noite e, nos casos de violência sexual, 53,3% ocorrem entre 18h e 6h.

Esses dados mostram um padrão de violência mais acentuado durante os finais de semana e em horários noturnos, ressaltando a vulnerabilidade das mulheres nesses períodos.

Apesar da gravidade e da frequência desses crimes, poucas Delegacias funcionam 24 horas. A advogada Gabriela Cortez Campos, mestranda da Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP) da USP, enfatiza que garantir o atendimento 24 horas nas Delegacias de Defesa da Mulher é fundamental para assegurar um atendimento especializado à vítima.“A qualquer momento que a vítima decida denunciar terá um atendimento e acolhimento de qualidade, com profissionais capacitados, e essas intervenções imediatas também vão ocorrer a partir de uma perspectiva de gênero.”

A falta de DDM 24 horas pode ser problemática. “Isso pode ser um empecilho pois, além de não ter a perspectiva de gênero e o acompanhamento especializado que uma DDM proporciona, muitas vezes, os crimes contra a mulher podem ser relativizados em comparação com outros delitos graves, como homicídios e latrocínios, o que gera banalização e negligência, desincentivando a vítima a realizar uma denúncia”, assegura.

Para a advogada e doutora em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo, Salete Maria, o aumento de casos de feminicídio e violência contra a mulher tem relação com essa e outras falta de políticas públicas que possam prevenir o problema. “É preciso compreender os nós, os gargalos, onde o sistema de segurança pública e de justiça em vez de acolher está afastado, está violentando as mulheres. Então, por mais que hajam alguns nichos da segurança pública que foquem na temática da violência contra as mulheres (Deams, ronda Maria da Penha, Defensoria), não há investimento maciço e nem transversalização”, destaca.

Segundo a Polícia Civil, A Bahia  tem 15 Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deams) e sete Núcleos Especializados de Atendimento à Mulher (Neams).

A REDEGN enviou solicitação para as assessorias de imprensa da Policia Civl da Bahia e Pernambuco para saber a situação de atendimento nas Delegacias da Mulher em Juazeiro e Petrolina.

Redação REDEGN com informações Jornal da USP

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