Nota de Política Econômica aponta risco climático para transportes rodoviários. Através de uma análise para os Estados brasileiros é possível se antecipar a desastres nas rodovias brasileiras ante os efeitos de eventos climáticos extremos, como no caso do Rio Grande do Sul.
Victor Medeiros, pesquisador do Centro de Pesquisa em Macroeconomias das Desigualdades (Made) da Faculdade de Economia da USP, um dos autores da nota, diz que a análise é baseada nos dados disponibilizados pelo projeto Adaptavias do Ministério dos Transportes.
“Esse projeto basicamente trata da resiliência climática das rodovias brasileiras. Nós utilizamos um índice de risco climático disponibilizado por ele, que é um índice de risco de impacto basicamente das nossas rodovias a eventos climáticos, como inundação, alagamento e deslizamentos de terra”, explica.
Análise-“O projeto disponibiliza uma base de dados georreferenciadas. Então temos para todo o País uma série de rodovias, as quais a gente consegue localizá-las no espaço e fazer agregações, por exemplo no nível dos Estados. Foi o que fizemos, gerando uma análise mais precisa, conseguimos através disso, por exemplo, identificar quais os trechos de cada rodovia que são mais propensos a serem impactados pelos eventos climáticos”, segue o especialista.
Falando em números, a pesquisa conseguiu criar um panorama da situação geral das rodovias. “A gente chega a uma média nacional de 4,18% de rodovias consideradas de risco médio ou superior. Considerando cenários otimistas, observamos que até 2050 esse número será de 5,5%. Em um cenário pessimista, considerando uma alta emissão de poluentes, esse número pode chegar a 13%. É bom entender que, no Rio Grande do Sul, por exemplo, onde se observou a catástrofe neste ano, a gente observa muitos trechos de rodovias destruídos ou impactados pelas chuvas, mas a maioria delas era considerada de baixo ou médio risco. Logo esse número de 13% é muito preocupante”, alerta.
Impactos regionais-O pesquisador comenta também sobre as diferenças regionais nesse cenário. “A variação climática vai afetar de forma heterogênea no espaço. Alguns Estados vão sofrer um pouco mais. Alagamentos a gente observa um impacto bastante relevante, especialmente considerando o cenário pessimista, nas regiões dos Estados da Região Sul e Sudeste. Muito provavelmente a gente vai observar situações parecidas com as que a gente teve no Rio Grande do Sul para Estados aqui no Sudeste também.”
“Mas não somente no Sul e no Sudeste”, acrescenta. “Tem alguns outros exemplos na região Nordeste e no Estado de Goiás, também no Centro-Oeste. No caso dos deslizamentos esse padrão também segue, essas regiões no Sul e no Sudeste já têm uma propensão a sofrer bastante com evento de deslizamento. Hoje mesmo já temos cerca de oito Estados com mais de mil quilômetros de rodovias em risco climático”, finaliza.
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