Uma mulher foi presa em flagrante no sábado (15), por venda ilegal de artefatos explosivos conhecidos popularmente como "espadas". O material foi encontrado na cidade de Senhor do Bonfim, no norte da Bahia.
De acordo com a Polícia Civil, 73 unidades foram apreendidas em um imóvel no bairro Santos Dumont, após denúncias anônimas.
A mulher que foi presa não teve nome divulgado. Conforme a PC, ela passou por exames de lesão corporal e foi encaminhada ao Conjunto Penal de Juazeiro, onde permanece à disposição da Justiça.
Embora seja proibida, a "guerra de espadas" é uma tradição do período junino do município, que é conhecido como "capital baiana do forró" e realiza uma das maiores festas de São João na Bahia.
Senhor do Bonfim tem uma Associação Cultural de Espadeiros, que defende e preserva a prática, cujos primeiros registros datam dos anos 30. Em 2019, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux proibiu a guerra de espadas na cidade. A entidade tentou vários recursos contra a decisão judicial, porém, não obteve êxito.
Na quarta-feira (13), o Ministério Público da Bahia (MP-BA) promoveu, na Câmara de Vereadores, uma reunião para discutir a prática de soltura de espadas no São João do município. O encontro foi presidido pelas promotoras de Justiça Aline Curvêlo Tavares de Sá e Itala Suzana da Silva Carvalho, e realizado após solicitação do Conselho de Política Cultural de Senhor do Bonfim.
Na ocasião, elas destacaram a importância do respeito à cultura dos festejos juninos, mas também o cumprimento às leis e ao posicionamento institucional de decisões judiciais, que já se manifestaram pela ilegalidade da prática.
Na terça-feira (11), o MP-BA recomendou que o município de Governador Mangabeira, no recôncavo, adote providências para impedir o uso desses tipos de fogos de artifício durante o São João e as festas de Dois de Julho, quando é celebrada a Independência do Brasil na Bahia.
A orientação também foi encaminhada às polícias Civil e Militar para que sejam realizadas diligências para localizar depósitos, fabricantes, vendedores e compradores do artefato no município, com a devida apreensão do material eventualmente encontrado.
As mesmas recomendações deverão ser repassadas pelo órgão nos próximos dias para prefeituras de outras cidades baianas que têm as "guerras", como Muritiba e Cruz das Almas, também no recôncavo, além de Salvador.
Mesmo com a proibição, que está em vigor em todo o território baiano desde 2017, os chamados "espadeiros" costumam se reunir em datas e locais previamente agendados para soltar os artefatos, que podem causar ferimentos graves.
No texto enviado para Governador Mangabeira, a promotora de Justiça Horthênsia Leão destacou que "é crime fabricar, possuir ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, com previsão de pena de três a seis anos de prisão".
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