Desde abril, a ação “I Expedição Cultural Nascentes do São Francisco” está na estrada mobilizando ribeirinhos, produtores rurais, pescadores, lideranças, entidades e parceiros para a proteção ambiental das nascentes do Velho Chico. A expedição, organizada pela Associação Regional de Proteção Ambiental de Passos e que possui o apoio da Câmara Consultiva Regional Alto São Francisco (CCR Alto) do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), tem como objetivo promover o Programa Produtor de Água da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e de Minas Gerais (PPA-MG) nos estados de Minas Gerais e Bahia.
Criado em 2001, o Programa Produtor de Água é um instrumento de apoio e incentivo a projetos e ações que possibilitam a conservação de recursos hídricos no meio rural. O programa é efetivado a partir do Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), no qual a gestão é baseada na valoração econômica da natureza, ou seja, o produtor rural que aderir ao programa e executar técnicas de conservação das águas em sua propriedade, receberá um valor por tal ação.
Com este tipo de iniciativa, a ANA, busca reduzir erosões e assoreamento de mananciais no meio rural, melhorando a quantidade e a qualidade de água disponível, inclusive em corpos hídricos de dimensões continentais, como o Rio São Francisco. A “I Expedição Cultural Nascentes do São Francisco” compartilha deste mesmo objetivo: divulgar, promover e criar adesão ao Programa Produtor de Água. Por meio de rodas de conversa e links informativos, a comitiva tem comunicado sobre a importância e os benefícios do programa.
Em navegação desde o dia 05 de abril, a expedição começou o seu curso na nascente do Rio São Francisco, localizada no Parque Nacional Serra da Canastra, em São Roque de Minas (MG), e tem como destino final o município de Bom Jesus da Lapa (BA). Desde então, a expedição já passou por diversos municípios e comunidades rurais apresentando e prospectando novos possíveis beneficiários do programa Produtor de Água de Minas Gerais.
O engenheiro ambiental e mobilizador do programa, Dirceu de Oliveira Costa, explica que este é um momento de prospecção e aproximação com as comunidades e público rural e ribeirinho. “Nós estamos conhecendo as pessoas com essa ação e isso é de extrema importância, já que, dessa forma, entendemos as demandas dessas comunidades, dessas pessoas. É uma fase de prospecção para o programa Produtor de Água”, explicou Dirceu Costa.
Débora Emília da Silva, graduanda em Engenharia Ambiental e mobilizadora do programa, comentou sobre a sensação de urgência das comunidades em relação ao Rio São Francisco. “A recepção das pessoas, das comunidades ribeirinhas, às margens do rio São Francisco, têm sido muito boa, principalmente em relação à divulgação do Programa Produtor de Água. Quando falamos sobre o que é o projeto, muitos se sentem interessados em contribuir para as águas do rio, já que, ano após ano, os relatos são de que o nível do rio tem baixado cada vez mais. E muitos estão conhecendo o que é o programa e quais são os benefícios para a bacia do Velho Chico e, consequentemente, para eles. Nós temos esse objetivo de apresentar as iniciativas do PSA e do Programa Produtor de Águas, conhecer as demandas e depois apresentar quais serão as ações para a bacia como um todo”, disse Débora Silva.
Ao longo do percurso, a expedição contou com o auxílio, ajuda e expertise das pessoas da região, já que em diversos momentos, os afluentes do Velho Chico, se encontraram em níveis baixíssimos de água, dificultando assim a navegação. É o caso do José Roberto, pescador e morador do distrito Barra do Guaicuí (MG). José Roberto ajudou os expedicionários e fez um apelo à comitiva. “Antes, o rio era bastante navegável, nós tínhamos o Benjamim Guimarães, barco a vapor histórico, que navegava por essas águas, entre o Rio das Velhas e o São Francisco, e hoje, infelizmente, barcos daquele porte e até mesmo os menores não conseguem transitar mais por conta do assoreamento dos rios. Isso é muito preocupante, e aproveito a oportunidade para que todos, o governo, as ONGs e empresários olhem por esse rio, pois ele está abandonado”, pediu.
A expedição, que está atracada em São Francisco (MG), inclusive participou da 11ª Campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”, que foi realizada no município. Devido ao baixo nível de água para navegação, o calendário para ações em outras cidades e comunidades está paralisada no momento. Contudo, a mobilização local na cidade de São Francisco continua. É esperado que no mês que vem a expedição continue até o seu destino final assim que as águas aumentarem novamente.
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