Conhecer a realidade das famílias assessoradas, verificar como as ações de Assessoria Técnica e Extensão Rural (ATER) estão sendo realizadas, identificar qual a receptividade das famílias agricultoras em relação ao formato das atividades, observar como as políticas públicas estão chegando na base e se aproximar da equipe técnica do projeto ATER Bioma Caatinga.
Diante desses objetivos, foi realizada, entre os dias 4 e 7 de junho, uma reunião do fiscal da Bahiater com a equipe técnica do projeto ATER Bioma Caatinga, executado pelo Irpaa, e visitas às comunidades Poço do Umbuzeiro e Pau de Colher, em Casa Nova, Barra do Umbuzeiro e Assentamento Vale da Conquista Canaã, em Sobradinho, e Brejo da Martinha, Sento Sé.
Esses momentos possibilitam que o fiscal possa “ouvir das próprias famílias beneficiárias sugestões de melhoria, avaliar o grau de satisfação dos serviços recebidos pelas técnicas e técnicos que estão nas comunidades, ver a realidade dos municípios e das comunidades, as diferenças, seja climática, seja na maneira de criação, seja as distâncias, o percurso. Então isso, sem dúvida, vai fazer eles terem uma visão não só do que ele lê nos relatórios que a gente manda, mas vão conseguir avaliar as realidades que tanto os técnicos como a coordenação do projeto tem feito para que o serviço de assessoria chegue com qualidade às famílias. Então, é uma forma dele ouvir das próprias beneficiárias, tanto o grau de satisfação como sugestões para melhorar o serviço”, explica o colaborador do Irpaa, Alessandro Santana. Para a partir desse conhecimento, contribuir para uma ATER que leve em consideração as realidades das famílias e comunidades da região semiárida, que possui as suas especificidades.
Após um ano e meio de assessoria do Bioma Caatinga, é possível identificar mudanças significativas nas comunidades e famílias acompanhadas, a exemplo do acesso a outras políticas públicas integradas à ATER, que motivam e animam os/as agricultores/as. “Como o programa Palma, através do projeto da Codevasf. Tem chegado o programa de cisternas P1MC, projeto Milhão de Cisternas, que se considera cisternas de consumo. Têm chegado o projeto de P1+2, que é o projeto de cisterna de produção”, pontua Alessandro.
Sobre essas conquistas, a partir da ATER, o fiscal da Bahiater Marcos Vinicius Rebouças, comenta: “A gente sabe também que o Irpaa vai precisar dar uma atenção maior a essas pessoas, esses beneficiários, até para eles entenderem a real noção de ter esse equipamento em suas propriedades e utilizar da melhor forma. A gente fica bastante feliz, estou levando essas informações também no meu relatório para o governo”.
Outra mudança verificada através das visitas técnicas individuais da ATER, está relacionada a transformação de algumas práticas familiares na criação de caprinos e ovinos, como a produção de remédios caseiros à base de plantas da Caatinga. “Tem contribuído para que eles mesmos possam promover as mudanças a partir dos ingredientes de produtos que eles encontram na Caatinga, por exemplo, usando chá da caatingueira, usando forragens que eles encontram na propriedade, e tem feito sal mineral, sal vermífugo com plantas da Caatinga, evitando eles gastarem com produtos no mercado convencional”, explica ainda Alessandro.
Assim, as ações da ATER, além de contribuírem para que as famílias acessem tecnologias sociais através de outras políticas públicas, proporcionam orientações técnicas que favorecem a melhor produção, incentivam a prática agroecológica e conservação do ambiente, possibilitando ainda melhora na renda familiar.
O fiscal da Bahiater, Marcos Vinícius Rebouças, destacou que, durante as visitas, foi possível comprovar a importância da presença do Irpaa nas comunidades, especialmente para a regularização das propriedades, permitindo que elas tenham condições de acessar outras políticas públicas.
“A equipe técnica vem auxiliando eles (assessorados/as) na retirada e na renovação do Cadastro Nacional da Agricultura Familiar (CAF). Esse documento é muito importante para o acesso às políticas públicas, tanto estaduais quanto federal”, destaca Marcos. Além disso, há o incentivo à criação ou fortalecimento das associações comunitárias, que, através de editais públicos, podem conquistar benefícios para as comunidades.
Marcos Vinícius expõe que acredita bastante no formato de ATER executado na Bahia, mas ressalta a necessidade dos fomentos para que os/as assessorados/as possam colocar em prática muitas das aprendizagens adquiridas a partir da ATER. “Conseguimos agora alguns fomentos para o ATER Bioma, mas são poucos, frente à quantidade de beneficiários que a gente tem dentro desse projeto. Eu espero que futuramente, todos esses recursos, esses fomentos, possam chegar a todos os beneficiários do projeto e de outros que estarão sendo lançados futuramente”.
A partir dessas compreensões, as visitas do fiscal do Projeto podem contribuir para o aperfeiçoamento da ATER na Bahia, uma vez que as observações e sugestões sejam consideradas para a construção de novos projetos de ATER mais contextualizados com a realidade das regiões onde estão sendo executados.
O Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) foi selecionado por meio de uma chamada pública para executar o projeto ATER Biomas nos municípios de Juazeiro, Curaçá, Casa Nova, Sobradinho e Sento Sé, atendendo 1.080 famílias, durante 4 anos. O Projeto é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater).
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