Mais de 20 milhões de brasileiros vivem em toda a Bacia Hidrográfica do São Francisco, maior rio do país que atualmente vive o processo final de transposição das suas águas, nomeado Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF).
O projeto consiste em uma obra de R$ 14 bilhões do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) que tem como objetivo levar água para regiões secas e semiáridas do Nordeste.
A longo prazo, no entanto, a tentativa de ajuda pode se converter em problema. É o que alerta o vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) Marcus Vinícius Polignano. “A transposição é um esforço de um rio que já está precisando ser revitalizado. Isso implica em mais perda de vitalidade e, quando há descuido do meio ambiente, consequentemente há o acúmulo de energias que podem gerar os efeitos cataclísmicos”, pontua.
Outro possível problema que pode ocorrer através da transposição é o uso da água transposta para a irrigação e não apenas para o consumo, o que possivelmente demandaria o desmatamento de áreas cobertas por vegetação e uso excessivo de água. Ambas as situações são capazes de gerar aumento da temperatura – contribuindo para o aquecimento global – e desabastecimento na região de funcionamento do sistema de irrigação.
O Rio São Francisco é responsável por 70% da água consumida no Nordeste. De acordo com o IBGE, a bacia São Franciscana percorre 609 municípios em diversos estados. O dado, contudo, difere do dado informado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), que aponta que o rio percorre 505 municípios em seis estados (Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe), além do Distrito Federal, de modo que sua bacia corresponde a 8% do território nacional e abriga três biomas: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica.
Diante da sua amplitude, os municípios cortados pelo Velho Chico são divididos em quatro regiões fisiográficas: Alto São Francisco, Médio São Francisco, Submédio São Francisco e Baixo São Francisco. Com a transposição, há a formação de dois eixos: o Eixo Norte, que leva água para cidades em Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte; e o Eixo Leste, que abastece as cidades de Pernambuco e Paraíba através de canais e sistemas de bombeamento.
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