Curaçá é terra boa/ O potó é quem não presta/ Mija do dedão do pé/ até o couro da testa... Essa letra é de uma canção que o nosso, inesquecível, Zito Torres, fez em homenagem a nossa cidade amada; eu assino em baixo, e vou mais adiante, inclusive é uma cidade, onde parte do seu povo não é tão dedicado aos estudos, mas consegue formar-se em diversas faculdades sem dificuldades, pois muitos filhos da nossa terra, emitem opiniões técnicas em quase todos os campos, que muitas vezes, nem os especialistas dos atuais campus universitários tem segurança para falar. Somos um povo de “inteligência rara”.
Eu sou um “retrôcionista”, se é que existe esse termo, mas sei a importância da evolução, isso desde a era matriarcal, que teve como grande invenção o domínio do fogo, e mais nada de relevante que a humanidade tenha conhecimento, depois veio o período patriarcal e mesmo a duras penas, devagar chegou-se ao longe, passando o fogo nas cavernas para as lamparinas, que eram alimentadas por azeites, óleos de peixes, óleos de mamonas e outros tipos (dizem que o cheiro lembrava aos franceses, antes de desenvolverem os melhores perfumes do mundo), até conseguir atingir a supernova com a chegada do querosene, uma grande inovação, de lá para a energia elétrica nas residências, foi apenas uma questão de muitas décadas, ligeirinho, como diria Jessier Quirino, na velocidade de Herodes para Pilatos. Será que o povo naquela época, reclamou com essa mudança tão drástica?
Outra coisa que me fascina por cá, é a luta por manter de pé plantas exóticas, oriundas de outros países, como a peruana Algaroba e a Indiana Neem/Nim, a primeira eu tenho como um maná... Lá nas caatingas, bem longe de cisternas, poços e cacimbas, mas na cidade traz mais malefícios que benefícios, a segunda é uma planta que contém um elemento tóxico, oriundo das piretrinas, que sintetizado é formulado um inseticida piretroide, que para facilitar o entendimento e resumir essa conversa, mata até a mãe do cão, se ela for invertebrada. Mas, quando falaram em plantar ipês, tem sempre alguém criando chifre em cabeça de preá, apontando dificuldades de fazer inveja até à burocracia comunista da fracassada União Soviética... O intrigante, é ver que alguns dos defensores dessas árvores, estão derrubando a vegetação nativa para edificar suas chácaras na zona rural, regados às insípidas long necks de Heineken, que pelos próprios cálculos, ficam bestando no meio ambiente por um período similar a longevidade do multicentenário Matusalém.
Curaçá, dia 23 de Março, reinaugurou o seu estádio Durval Santos Torres, homenagem ao primeiro craque de futebol curaçaense, segundo me informou um velho que gostava de futebol. Ele está para Curaçá, assim como Neco está para o Corinthians, Di Stefano para o Real Madrid e Puskás para a Hungria. Essa reinauguração traz uma nova roupagem, com arquibancadas, alambrados e o tão sonhado gramado, que até nos lembra o estado de Goiás, verde e plano. Ouvi na época que estavam correndo contra o tempo para gramar, críticas derrubativas por estarem matando uma grama chamada Batatais (que estava no projeto original), que é similar com uma touceira de capim colonião, para substituir pela grama Esmeralda, a melhor que temos no país. Só quem acompanhou o processo sabe a odisseia que foi para fazer essa obra com a Caixa Econômica na “cupira” dos responsáveis, até entendo, nem a CEF acreditava mais, pois foram tantos que se propuseram sem galgar êxito, que os técnicos desse banco, devem ter relembrando aquele ditado popular: “Gato escaldado tem medo até de água de chuva”.
Essa noite eu não dormir, depois de ver tanta manifestação pelos “patrimônios históricos” da nossa cidade, preocupo-me agora se os nostálgicos vão fazer passeatas para reimplantar a antiga grama, àquela que nos períodos de chuvas brotava imponente, com suas enormes “cabeças de touros”, dando trégua ao chão batido do nosso campo apenas no período seco...
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