Ester García, advogada da vítima do caso Daniel Alves, bateu na tecla de que permanece um risco de fuga do jogador. A Justiça espanhola aceitou um pedido de liberdade provisória da defesa do lateral brasileiro, que poderá ser solto condicionalmente após 14 meses de prisão preventiva, sendo que uma das medidas para tal é entregar os passaportes brasileiro e espanhol. Ele havia sido condenado a quatro anos e meio de prisão por agressão sexual.
- O Brasil não tem extradição e aqui está o grande risco. Ele não tem passaporte, mas tem potencial econômico suficiente para viajar sem passaporte. Insisto nisso: é uma pessoa que tem um entorno que nenhum cidadão comum tem. Não sei (como conseguiria fugir), um avião particular... Não vou dar ideias, mas poderia ir de carro a um outro país e então pegar um avião - comentou Ester García, ao canal catalão "TV3", nesta quinta-feira
Ao canal "Telecinco", a advogada contou que a vítima está desapontada com a possibilidade de Daniel Alves deixar a prisão neste momento.
- Ela está muito indignada, muito desesperada e muito frustrada, como eu. Não encontro explicação jurídica para esta resolução. Ela sente que acreditaram nela, mas desde ontem sente que todo seu esforço não serviu para nada.
Por maioria de votos, o tribunal decidiu deixar o lateral fora da prisão enquanto os recursos da sentença são julgados, mediante fiança de 1 milhão de euros (R$ 5,45 milhões), entrega dos passaportes brasileiro e espanhol, e afastamento de 1km e incomunicabilidade com a vítima, além de não deixar a Espanha e se apresentar ao tribunal semanalmente. As partes têm três dias para recorrerem dessa decisão.
Na decisão, o tribunal explicou que a prisão preventiva exige ser "objetivamente necessária" e que "ou não existam outras medidas menos onerosas que possam ser adotadas ou dure o tempo mínimo imprescindível" para todo o processo. Sobre o risco de fuga, apontou "levar em conta as circunstâncias pessoais do réu para avaliar a necessidade de manutenção" da prisão preventiva.
O único voto contrário foi de Luis Belestá. Para ele, a prisão preventiva de Daniel Alves deveria continuar até metade da pena (dois anos e três meses) porque "os argumentos que levaram à prisão preventiva não só foram confirmados mas também reforçados". Lembrou que "em três ocasiões este tribunal considerou que havia risco de fuga, a última em novembro de 2023, e as circunstâncias não só se mantêm atualmente mas também foram incrementadas com a sentença e a possibilidade de a pena ser aumentada por recurso". E salientou que "todas as seções do tribunal ratificaram decisões de prorrogar a prisão preventiva para evitar risco de fuga, inclusive de penas inferiores à imposta ao Sr. Alves".
Daniel Alves está com as contas bloqueadas no Brasil devido a uma disputa judicial com a ex-esposa, Dinorah Santana. Na Espanha, houve bloqueio de valores desde a acusação de agressão sexual. Durante o julgamento, Inés Guardiola, advogada do jogador, afirmou que o brasileiro tinha uma dívida de 500 mil euros (R$ 2,7 milhões) com o Ministério da Fazenda espanhol e duas contas no país, sendo uma com 50 mil euros (R$ 272 mil) e outra com saldo negativo de 20 mil euros (R$ 109 mil).
De acordo com o jornal catalão "La Vanguardia", Daniel Alves vai recorrer novamente a Neymar da Silva Santos, pai de Neymar. Foi dele a transferência dos 150 mil euros (R$ 817 mil), encaminhados à Justiça espanhola como indenização antecipada à denunciante, segundo o portal "Uol" - confirmou, em entrevista à CNN, essa doação como "ajuda a um amigo". Ainda segundo o diário espanhol, o pai de Neymar se colocou à disposição do jogador para ajudá-lo financeiramente no processo.
O dinheiro também poderia ser proveniente de uma indenização do Ministério da Fazenda espanhol. No fim de fevereiro, o jornal catalão "La Vanguardia" informou que Daniel Alves receberia 1,2 milhão de euros (R$ 6,5 milhões) do órgão, em ganho de causa contra o Fisco do país. Ele discordava da tributação dos valores cobrados pelos serviços de intermediação do agente Joaquín Macanás, na altura da renovação de contrato com o Barcelona entre 2013 e 2014.
Todas as partes recorreram da sentença: a defesa do jogador pede absolvição; o Ministério Público e os advogados da vítima demandam pena máxima, de 12 anos.
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