A coleta e tratamento de esgoto rural, seja nas escalas familiar ou comunitária, é indispensável para promoção de saúde no campo; e o reúso de água é fundamental para o fortalecimento da cultura de Convivência com o clima Semiárido; a mitigação de efeitos e reparação de danos da emergência climática; combate à fome; a recuperação de áreas degradadas com recaatingamento, reflorestamento, dentre outras metodologias.
A sociedade civil organizada já vem acumulando experiências dessa natureza, entretanto para a garantia do saneamento rural como uma política pública com segurança hídrica e sanitária, é importante, dentre outros aspectos, que haja a apropriação de parâmetros e níveis mínimos de qualificação do tratamento.
Nesse sentido, estão sendo realizados pelo Grupo de Trabalho de Saneamento Rural da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) eventos de formação e mobilização de saberes sobre essa temática. Desta vez aconteceu o segundo módulo do ciclo de Oficinas Técnico-Científicas, no formato virtual, com o tema “Parâmetros e níveis aceitáveis de qualidade da água para reúso agrícola”. A atividade contou com mais de 50 participantes de diversas organizações da rede ASA, englobando representações de universidades e institutos de pesquisa de diversos estados. Teve ainda a presença de convidados da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), da Embrapa Semiárido e da Word-Transforming Technologies (WTT), uma instituição que apoia o trabalho de pesquisa, articulação e sistematização de saberes relacionados ao tema da oficina.
Durante o evento, foi considerada a partilha de experiências das próprias organizações da ASA, socializadas no primeiro módulo, que aconteceu em dezembro de 2023. Desta vez, as discussões foram sobre os aspectos relacionados à qualidade microbiológica das águas de reúso, os potenciais e desafios para a garantia de esgotamento sanitário no meio rural como um direito humanos e dever do Estado. As próximas oficinas vão possibilitar a discussão de temas como: parâmetros químicos e físicos considerados como requisito ao reúso de águas; gestão e monitoramento dos níveis de segurança hídrica e sanitária dos sistemas; engenharia das tecnologias sociais, em consonância ao que se prevê no Plano Nacional de Saneamento Rural; normatizações já existentes e adequações necessárias.
O colaborador do Irpaa, André Rocha, que representa a instituição no GT de Saneamento da ASA, reforça a importância dessa iniciativa, pois “Essa formação e mobilização das comunidades rurais e suas organizações é indispensável para a incidência política, de forma propositiva, sobre o Saneamento apropriado às suas realidades. A gente quer que esse Plano Nacional de Saneamento saia, de fato, do papel”.
O terceiro módulo desse ciclo de oficinas está previsto para o mês de março. A conclusão deve ocorrer em abril, com a realização de um Seminário presencial para validar os principais pontos e estruturar o Programa de Saneamento Rural da ASA, que está em construção.
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