A Fifa voltou a se manifestar, neste domingo (24), em relação à interferência imposta no comando da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Em comunicado enviado ao secretário-geral da entidade que supervisiona o futebol brasileiro, Alcindo Reis Rocha, a entidade máxima da modalidade voltou a dizer que as associações devem conduzir seus assuntos de maneira independente.
"Qualquer violação dessa obrigação pode acarretar em sanções, conforme previsto nos Estatutos da Fifa, incluindo suspensão", informou a carta.
A visita da Fifa ao Brasil está marcada para ocorrer na semana de 8 de janeiro de 2024. Até lá, a entidade que comanda o futebol mundial não quer nenhuma decisão que afete a CBF, "incluindo qualquer eleição ou convocação de eleição".
"Caso isso não seja respeitado, a Fifa não terá outra alternativa senão submeter o assunto ao seu órgão de decisão relevante para consideração e decisão, que pode incluir uma suspensão", diz o texto.
Caso a CBF seja suspensa pelo órgão, perderá todos os seus direitos de membro até que a suspensão seja levantada pela Fifa. "Isso também implicaria que as equipes representativas e clubes vinculados à CBF não teriam mais o direito de participar de qualquer competição internacional", conclui.
ENTENDA O CASO
O julgamento que resultou na remoção de Ednaldo Rodrigues do poder do futebol tratou da legalidade de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) acordado entre a CBF e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) em março de 2022. Na ocasião, o TAC permitiu que a Assembleia Geral da entidade elegesse Ednaldo como presidente. No entanto, os desembargadores Gabriel Zéfiro, Mauro Martins e Mafalda Lucchese entenderam inicialmente que o MP não deveria ter ingressado com uma Ação Civil Pública (ACP) contra as eleições realizadas pela entidade em 2017, quando Rogério Caboclo foi eleito.
A revisão foi solicitada por dois ex-presidentes da CBF, Ricardo Teixeira e Marco Polo del Nero. Assim, o TAC também foi considerado nulo. Outros dirigentes de federações também recorreram à Justiça.
A CBF e o MP-RJ firmaram o TAC porque o órgão da Justiça considerava ilegais as regras que regiam a eleição na confederação, ou seja, a que levou Ednaldo Rodrigues ao cargo de presidente. Isso ocorreu porque uma alteração no estatuto da entidade, em 2017, estabeleceu pesos diferentes para os votos praticados por federações e clubes - a brecha permitia que clubes e federações votassem em conjunto para eleger o presidente. Foi sob essa regra que Rogério Caboclo foi eleito presidente da CBF em 2017, indicado pelo então dirigente afastado Marco Polo del Nero. Caboclo foi destituído, em meio a denúncias de assédio.
Ednaldo, que era vice-presidente da CBF, assumiu o comando de forma interina após o afastamento de Caboclo. Opositores tentaram impedir a eleição de março de 2022 alegando que o TAC foi assinado por ele, como presidente interino, e serviu para validar uma eleição que o tornaria presidente de fato.
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