O câncer de próstata é o segundo mais frequente entre os homens no Brasil e a segunda maior causa de óbito masculina.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), são esperados 71.730 casos da doença no triênio 2023-2025, uma estimativa de 67,86 casos a cada 100 mil homens.
Em 2019, segundo o Ministério da Saúde, 15.983 homens morreram em decorrência da doença. Na avaliação de especialistas, os números evidenciam a necessidade de um olhar cuidadoso para a saúde da população masculina.
O comerciante Alcenir de Ré, 48 anos, descobriu o câncer em 2022, ao perceber mudanças no corpo. O enfraquecimento do jato urinário foi o sinal de alerta que o levou a procurar um urologista. Após uma série de exames, foi confirmado o diagnóstico de câncer de próstata. A decisão pela cirurgia precisou ser rápida, em razão do estágio avançado da doença.
"O mais certo a se fazer era tirar a próstata. Já não era nem fazer quimioterapia, nem radioterapia. Eu acho que foi o caminho certo a ser escolhido", relata o paciente, que desde então defende a importância de agir prontamente em casos de câncer.
Após a cirurgia, os cuidados de Alcenir em relação à saúde mudaram. Ele destaca a importância de ter consultas mais frequentes e ficar atento a eventuais desconfortos. A experiência do comerciante influenciou os amigos. Eles passaram a fazer exames com mais frequência. O caso dele despertou uma conscientização, de modo a afastar o preconceito e a falta de informação que cercam a saúde masculina, especialmente no contexto do câncer de próstata.
"Eu descobri indo ao médico, pois, sem ir ao médico, ninguém descobre nada. Todo homem deve fazer. Vários amigos meus procuraram saber mais depois que eu tive esse problema", relata Alcenir.
O presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Alfredo Canalini, afirma que os homens que possuem parentes de primeiro grau com histórico de câncer, homens com obesidade ou sobrepeso, com índice de massa corporal acima de 35 são mais propensos a manifestar câncer de próstata. Entre homens negros, o câncer tem mais propensão a existir, porém o doutor explica que a questão "não é um fator comportamental e nem social; é um fator genético e hereditário".
O câncer de próstata é mais frequente em homens idosos, porém, há casos em que a doença se manifesta em jovens, geralmente pertencentes ao grupo de risco. A recomendação da SBU é de que homens pertencentes a grupos propensos façam exames preventivos e de diagnóstico precoce a partir dos 45 anos. Para aqueles que não possuem predisposição, recomenda-se a consulta periódica a partir dos 50 anos.
"Nós aconselhamos que os homens mais jovens comecem a se prevenir com os exames desde cedo, pois o câncer nesse grupo tende a ser mais agressivo. Porém, o tumor que aparece em homens acima de 75, 80 anos, geralmente é um tumor muito mais indolente, menos agressivo e que não tem grandes riscos de matar o paciente", explica o médico.
Entre os principais sintomas do câncer de próstata estão as dores provocadas pela dificuldade de urinar; a presença de sangue na urina; e a diminuição do jato de urina. Em casos de metástases, são frequentes dores nos ossos.
Os exames que possibilitam o acompanhamento e a possível descoberta da doença são o toque retal, a ressonância magnética e os níveis de dosagem do Antígeno Prostático Específico (PSA) — enzima fabricada pela próstata e lançada na corrente sanguínea. "Nos pacientes que têm câncer de próstata, essa enzima tende a aumentar a concentração no sangue. Porém, é importante ressaltar que nem todo o paciente que tem o PSA aumentado é necessariamente portador de um câncer de próstata, pois o aumento isolado não firma o diagnóstico, assim como o toque retal isolado tampouco diagnostica sozinho", diz Canalini.
Para firmar o diagnóstico, é preciso que todos os exames sejam feitos em sequência. "Após os exames, o próximo passo é a biópsia do nódulo que eventualmente foi detectado", complementa o presidente da SBU.
A periodicidade dos exames depende do perfil do paciente e do nível de PSA que ele apresenta. Esses fatores vão definir se o acompanhamento necessita ser realizado com maior frequência, em decisão conjunta entre o urologista e o paciente.
"Um homem que apresenta um PSA baixo, um toque retal normal, não tem histórico familiar, não é negro nem obeso, pode verificar com seu médico o período que ele tem que fazer avaliação", esclarece o especialista. "Pode ser a cada ano, pode ser a cada dois anos. Já para os homens que são do grupo de risco, é aconselhável que o acompanhamento seja feito de maneira mais frequente para que o médico consiga entender a evolução dos exames através dos anos", reitera Canalini.
O médico reforça que a postura preventiva é essencial. "É necessário que o paciente faça os exames mesmo sem sintomas, porque, quando o câncer é localizado ainda em uma fase inicial, as chances de cura chegam a 90%", afirma.
Todas as modalidades de tratamento são oferecidas, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), segundo o Ministério da Saúde.
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