A possibilidade de não apenas ouvir artistas se apresentarem mas poder dialogar com eles/elas e trocar experiências, e o melhor, no palco do auditório da escola, foi o que atraiu a atenção do estudante Keven Felipe Alves, do 3º ano do Colégio Modelo, na tarde da última terça, dia 31.
O jovem participou de um dos momentos da programação realizada pelo Projeto "Independência Musical - Explorando Sons e Palavras no Sertão da Bahia", promovido pela banda Trupe Poligodélica.
Felipe já canta, toca violão e produz algumas músicas, mas não tem dúvida que o momento ajudou a despertar o lado artístico de outros/as estudantes. Foi assim com a cantora Killauea, uma das artistas convidadas para dialogar com as/os estudantes no período da tarde. Ela conta que quando cursava o ensino médio em uma escola pública do município de Santa Maria da Boa Vista (PE), um projeto cultural levou para a escola a banda P1 Rappers e "eu vi Euri Mania [integrante do grupo] fazendo um freestyle, improvisando, pedia para os alunos levantarem os objetos e ele ia rimando, achei incrível, eu disse 'se ele consegue eu também consigo'", conta Killauea, que decidiu apostar na música para "denunciar as mazelas que eu vivo e também levar outras características minhas a partir da ótica de músicas que consumo", revelou.
Killauea é uma artista que leva para os palcos a representatividade das pessoas travestis e este foi um dos motivos pelos quais a Trupe Poligodélica a convidou, pois a ideia do projeto é apresentar a diversidade e independência da produção musical local em todos os sentidos, inclusive destacando os diversos perfis que fazem música na região. Para Ciro Cavalcanti, um dos integrante da Trupe, é fundamental que projetos executados com recursos públicos garantam esse tipo de visibilidade, além disso, ele destaca que a música é essencial e é uma forma de levar leveza para as/os estudantes, especialmente neste período de final de ano onde as tensões aumentam com provas, Enem, etc.
Crítica Musical
Entre uma canção e outra, a Trupe Poligodélica e artistas convidados/as conquistavam estudantes e professores/as presentes, pautando a necessidade da música no Brasil ser democratizada: "as pessoas podem até não gostarem, mas elas precisam ter o direito de conhecer", defendeu o artista Fatel, músico da Trupe.
A concentração midiática e a indústria fonográfica impedem que bandas e artistas independentes se tornem conhecidos, até mesmo em suas regiões. Para romper com isso, muitos adotam estratégias como estes projetos e as redes sociais. "Eu não conhecia a Trupe porém foi algo que me cativou bastante, assim que eu cheguei, já fui pesquisei o instagram deles, tocaram aí, demais pow!", externou o estudante Kevem Felipe.
O projeto "Independência Musical - Explorando Sons e Palavras no Sertão da Bahia" foi selecionado pelo edital Diálogos Artísticos – Bicentenário da Independência na Bahia e recebe apoio financeiro da Fundação Cultural do Estado da Bahia, uma unidade vinculada à Secretaria de Cultura (Funceb/SecultBa), com coprodução do Instituto Casa de Abelha.
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