Seca severa aflige zona rural de Juazeiro e Petrolina. "Falta água para consumo humano. Lavouras perdidas"

A região de Juazeiro e Petrolina volta a enfrentar neste ano uma severa seca por causa da falta de chuvas. A REDEGN, percorreu no mês de setembro cerca de 370 km, entre o Juazeiro do Norte, Ceará, a Juazeiro da Bahia. A constatação é de uma seca severa, retratada nas folhas ressequidas pelos sertões. Confira reportagem AQUI-Sol abrasador dos Sertões e a inoperância das políticas públicas para o convívio com as secas.

A situação citada acima também está acontecendo em Juazeiro e Petrolina. O cenário é folhas ressequidas, escassez.

O vice presidente da Associação Comunitária e Produtores Rurais do Distrito de Pinhões (ACPRP), Localizada em Juazeiro, Bahia, Rogemarques Silva Oliveira, conhecido por Pretinho,  afirma que "a situação é dramática".

"Situação de falta de chuva assola toda região. Escassez e acrescente a incompetência do SAAE. Falta água para o consumo humano. Falha SAAE-Serviço de Água e Saneamento Ambiental – SAAE vem falhando há muitos anos. Os representantes do poder publico não resolvem nada. O clima aqui é de revolta".

Essa semana a reportagem da REDEGN ouviu agricultores familiares, produtores rurais e lideranças comunitárias que vivem na zona rural de Juazeiro e Petrolina,

A situação além da falta de chuva, a baixa umidade relativa do ar agrava a sensação de calor. "As lavouras estão todas perdidas. Só os ricos, produtores de exportação de uva e manga tem muita água. Só Deus na causa", diz o agricultor que pede para não ser identificado.

Dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), ligado ao Governo federal, afirma que este ano já se confira comum uma das piores secas. "A falta severa de chuvas agrava a situação da região, que enfrentam uma seca persistente. O cenário tem relação com o El Niño atípico e como aquecimento global".

"Como esse ano essa chuva não veio com frequência, estamos passando por esse sofrimento. É um impacto duro, porque além das perdas, não podemos criar os pequenos animais porque não tem ração, não tem água e tudo fica mais caro", afirmou a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Conceição Borges. Para o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (Faeb), Humberto Miranda, a estiagem desencadeia diversos problemas na economia.

"O comércio sofre de imediato com a perda na agricultura, o que gera um impacto econômico. Muitas vezes essa situação gera êxodo, principalmente por parte dos mais jovens. Eles ficam desmotivados e acham que precisam se mudar para a cidade grande para conseguir emprego, o que muitas vezes não se consolida", afirmou.

Em busca de soluções algumas prefeiruras decretam estado de emergencia devido a falta de chuva. O decreto dá a possibilidade de aumentar a quantidade de carros-pipas que abastassem as comunidades e reformar cisternas. Com o documento, também há a possibilidade de ajuda do Governo do Estado e do Governo Federal.

Apesar disso, para o presidente da Faeb, essas ações são insuficientes. O poder público também precisa investir em assistência técnica e crédito financeiro para produtores.

"Primeiro temos que rezar para a chuva vir, porque isso dá um ânimo para os agricultores, mas não é só isso. O poder público precisa fazer a sua parte e não é só com a compra de cestas básicas e envio de carros-pipa", disse.

Na Bahia cerca de 100 municípios estão com decretos vigentes devido a seca. A REDEGN obteve a informação que o decreto de emergencia de Juazeiro Bahia venceu na quinta-feira (26) e deve ser renovado. De acordo com a Defesa Civil, a Operação Carro Pipa possui 18 pipeiros atuando regularmente e "apenas a região de Itamotinga está se receber água pela operação que é realizada pelo Exercito Brasileiro"

"Mas a prefeitura está abastecendo as comunidades de lá e em Janeiro de 2024 a Operação Carro Pipa vai atuar lá também", afirma Ramiro Cordeiro, coordenador da Defesa Civil do município.

A prefeitura de Petrolina destacou que "existe um programa de carro pipa. Cisternas entregues. Três obras em andamento para adutoras Mas grande parte da responsabilidadee deve estar com Codevasf e outra COMPESA".

Confira a nota da Prefeitura de Petrolina:

A Prefeitura de Petrolina informa que diante da situação anormal de altas temperaturas e forte seca, através do Decreto nº 070/2023 publicado ainda em 28 de agosto deste ano, a gestão municipal estabeleceu "Situação de Emergência" na área do município afetada pela estiagem. A prefeitura ainda esclarece, por meio da Secretaria de Agricultura, que tem ações e programas para abastecimento de água na zona rural, a exemplo do programa 'Água na Torneira' que tem instalado diversas adutoras especialmente em comunidades na área de sequeiro, como também o programa 'Água Boa' que disponibiliza, mensalmente,  carros-pipas para mais de 820 famílias cadastradas, no intuito de diminuir o impacto da escassez de água. 

Em virtude do Decreto nº 070/2023, de forma emergencial,  a prefeitura irá contratar mais carros-pipas para ampliar a assistência às famílias que têm sofrido as consequências desta intensa seca. No entanto, vale ressaltar que essa responsabilidade não é do município, e sim da Compesa que é a concessionária responsável pelo abastecimento d'água e saneamento básico; como também em algumas áreas onde a atuação é da Codevasf.