Os 50 anos do movimento armorial - universo criado pelo escritor, dramaturgo, professor e artista plástico Ariano Suassuna (1927-2014) inspirado em elementos da cultura popular para conceber obras eruditas em diversas linguagens artísticas - serão celebrados em uma programação especial que inclui uma exposição com mais de 140 itens.
A mostra “Movimento Armorial 50” - que começa nesta quarta-feira (18) no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe) e segue em cartaz até 7 de janeiro do próximo ano - tem entrada gratuita. O acesso precisa ser realizado através da plataforma Sympla.
Para marcar a data, será realizado, hoje, às 19h, o espetáculo” Concerto para Ariano - 53 anos do Armorial”, com o Quinteto da Paraíba, na Catedral de São Pedro dos Clérigos, no Pátio de São Pedro. A apresentação faz alusão ao recital do Quinteto Armorial nesse mesmo local há exatos 53 anos, em 18 de outubro de 1970, considerado o marco inicial do movimento.
Idealizada pela produtora Regina Rosa de Godoy, com curadoria de Denise Mattar e consultoria de Manuel Dantas Suassuna, artista plástico e filho de Ariano, e do professor Carlos Newton Júnior, a mostra estreou em dezembro de 2021 para o público do Sudeste e Centro-Oeste do Brasil e ficou em cartaz até o início de 2023. A vinda para o Nordeste, berço do Movimento Armorial foi viabilizada graças ao patrocínio do Ministério da Cultura e da Petrobras.
“A mostra agora aporta no Recife em uma data tão emblemática, 18 de outubro. São 53 anos do Movimento Armorial e a gente está muito feliz de trazer essa mostra e falar sobre a importância desse movimento para as novas gerações. É um movimento brasileiro que valoriza a cultura popular e traz à luz e faz esse meio de campo entre o erudito e o popular, um se alimenta do outro para existirem juntos”, comemora Regina Rosa de Godoy.
“A primeira coisa que descobri [durante a pesquisa] que foi extraordinária foi que Ariano tinha comprado um conjunto de obras do Movimento Armorial para a Universidade Federal de Pernambuco. Aí eu vi a possibilidade de fazer uma exposição com obras selecionadas pelo próprio Ariano”, relembra a curadora da mostra, Denise Mattar.
"É da maior importância continuar esse olhar sobre o Armorial, um movimento criado há 53 anos atrás e que continua vivo e pulsante. E a prova disso é essa exposição", comenta Dantas Suassuna, filho de Ariano, que compareceu à pré-estreia da exposição.
Entre as 140 obras expostas estão peças de artistas importantes para a arte Armorial, como o próprio Ariano, Miguel dos Santos, Francisco Brennand, Gilvan Samico, Aluísio Braga, Zélia Suassuna e Lourdes Magalhães, a maior parte oriunda de acervos de colecionadores particulares e a instituições - como a Universidade Federal de Pernambuco, o Museu da Arte Moderna Aluísio Magalhães e a Oficina Brennand, somadas a obras mais contemporâneas, como as do artista plástico, Manuel Dantas Suassuna, e uma intervenção do xilogravurista Pablo Borges, filho do mestre J. Borges.
Já no pavimento inferior, o público é recebido pela escultura de quase quatro metros da mítica Onça Caetana, personagem de mitos sertanejos presente na obra de Ariano Suassuna, e pode acompanhar a cronologia ilustrada com fotos raras com a trajetória pessoal e artística do ilustre paraibano e do próprio Movimento Armorial, bem como uma obra do xilogravurista Pablo Borges, feita especialmente para esta etapa de Recife, com uma homenagem a Ariano e outros mestres armoriais. No segundo andar, os figurinos do artista plástico pernambucano Francisco Brennand (1927-2019), criados para o filme A Compadecida, de 1969 e diversos quadros icônicos de artistas dessa geração, entre eles, Gilvan Samico (1928-201).
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