Com calor extremo, acesso à água é desafio para quem vive na rua

09 de Oct / 2023 às 14h30 | Variadas

Uma temperatura acima dos 40 graus centigrados. Sensação térmica muito superior Pessoas em situação de rua sofrem com a dificuldade de acesso à água em dias de calor extremo, mas, além de ações emergenciais, é preciso pensar em adaptar as cidades para os eventos extremos do clima.

A REDEGN questionou as prefeiruras de Juazeiro e Petrolina de como, os setores de ação social tem trabalhado com as pessoas de situação de rua neste período de intenso calor.

A prefeitura de Juazeiro através da Secretaria de Desenvolvimento Social, Mulher e Diversidade informa que diariamente o Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro POP) realiza a oferta de refeição e  água. O Centro POP também realiza a distribuição de kits de higiene pessoal, além de disponibilizar o atendimento multiprofissional e a assistência social e psicológica.

Encontrar água para beber e sombra para se esconder do sol foi um desafio para as mais de 53 mil pessoas que vivem em situação de rua em São Paulo, de acordo com Levantamento do Observatório Polos de Cidadania, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trata-se de uma população maior que a de quase 90% das cidades brasileiras, segundo o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Desde a semana passada, a prefeitura de São Paulo organizou, pela primeira vez, a Operação Altas Temperaturas, com a distribuição de garrafinhas de água, frutas e bonés.

Mas, para quem atua nas ruas, como André Soler, fundador da SP Invisível, as medidas são insuficientes.

“Sempre que a gente tem uma variação muito grande de temperatura, a população de rua é refém dessa situação. A gente vai para rua o ano inteiro e a gente está sempre distribuindo água, e a população em situação de rua está sempre precisando de água", afirma. Ele destaca que os bebedouros públicos em São Paulo são insuficientes em relação ao tamanho da população. 

Eventos extremos-Para a professora Denise Duarte, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (USP), o ato de distribuir garrafinhas de água é parte da resposta, mas os eventos extremos vão exigir mudanças mais complexas.

“Nós precisamos de ações mais estruturais, que, de fato, façam parte da vida das pessoas, do cotidiano das pessoas, e não só para adaptação às temperaturas extremas como também para todas as outras ocorrências, para todas as outras manifestações de mudanças climáticas", assegura.

Ela cita como exemplo a criação de estruturas que funcionem como espécies de oásis urbanos. "Uma rede - que tem que ser bem distribuída pela cidade - de espaços de resfriamento. Alguns edifícios âncora, de maior porte, para onde a população possa se dirigir nos momentos de calor extremo."

A pesquisadora também propõe aumentar a vegetação e a água nas áreas urbanizadas. "Este é o maior e melhor investimento para as nossas cidades", destaca. Para Denise, essas estruturas beneficiariam não apenas quem está morando nas ruas, mas todas as pessoas que trabalham ou que precisam se locomover pelas cidades.

Ela acrescenta que os esforços de adaptação precisam acontecer com urgência. "Os problemas estão ocorrendo agora para pessoas mais vulneráveis, tanto a população em situação de rua como as populações nas comunidades de assentamentos informais," opina.

Atendimento-Em nota, a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (Smads) informou que mais de 98 mil atendimentos foram feitos em dez tendas montadas em locais estratégicos da cidade durante os primeiros sete dias de ações da Operação Altas Temperaturas.

Ainda segundo a pasta foram distribuídos mais de 230 mil itens à população, sendo 88.588 garrafas de água de 500ml, 20.623 copos de chá gelado e 44.295 frutas, além de bonés e da oferta livre de água nos bebedouros da Sabesp, inclusive para animais, com estimativa de mais de 78 mil copos de 250ml utilizados.

"Os agentes dos Serviços Especializados de Abordagens Sociais (Seas) e do Ampara SP auxiliam diariamente nos atendimentos, realizando orientações socioeducativas e encaminhamentos para os serviços de acolhimento da rede socioassistencial", diz o texto.

Além disso, a secretaria aponta que as tendas oferecem estrutura para pessoas que queiram um abrigo com temperatura amena para descansar e se hidratar, com prioridade para pessoas em situação de vulnerabilidade.

Redação REDEGN com informações Agencia Brasil Foto Ilustrativa arquivo Agencia Brasil

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