A temperatura do Lago Tefé, no interior do Amazonas, pode ter sido um dos fatores que provocou a morte de mais de 100 botos. Pesquisadores do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá constaram que a temperatura da água chegou a 40ºC no dia de pico de mortes.
Até o momento, os pesquisadores contabilizaram a morte de 125 botos, no Lago Tefé.
De acordo com os pesquisadores do Instituto Mamirauá, as medições feitas no lago na quinta-feira (28), quando 90 carcaças de botos foram encontradas, mostram que a temperatura da água chegou a 40°C, em uma profundidade de três metros.
Até então, a temperatura média histórica mais alta no Lago Tefé era de 32°C.
Os cientistas acreditam que o aquecimento da água tenha provocado a proliferação de algum patógeno - organismo - que adoeceu os animais.
"Certamente essa mudança climática, essa temperatura alta, está afetando os animais. Se é um caso de hipertermia [calor] ou se tem alguma outra causa associada, nós ainda não sabemos. Se pode haver poluição envolvida, pode haver um agente infeccioso, algum fitoplâncton, alga na água que tenha se proliferado pelo calor e afetado os animais", explicou a líder do Grupo de Pesquisas em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Instituto Mamirauá, Miriam Marmontel.
Para a pesquisadora, o número de animais mortos no Lago Tefé revela um cenário preocupante.
"Eu fiquei extremamente chocada. Eu acho que todo mundo que está presenciando isso está muitíssimo preocupado, porque se trata de duas espécies ameaçadas de extinção, símbolos da Amazônia, e que nós estamos presenciando uma mortalidade muito grande com relação à abundância que é disponível no Lago Tefé", relatou.
De acordo com o pesquisador Ayan Fleischmann, que também atua no Instituto Mamirauá, a redução do nível da água no lago pode continuar até a metade do mês de outubro, podendo afetar diretamente ribeirinhos e os animais.
"Temos aí algumas semanas de preocupação e depois, claro, até o nível recuperar mais outras semanas", afirmou o pesquisador.
ICMBIO-A causa das mortes dos mais de 100 botos no Lago Tefé, no interior do Amazonas, também está sendo investigada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O órgão mobilizou equipes de veterinários e servidores do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, além de instituições parceiras, para resgatar os animais encalhados.
"O ICMBio segue reforçando as ações para identificar as causas e, com isso, adotar medidas para proteger as espécies", informou o instituto, no domingo (1°).
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