Uma lista extensa e dinâmica. Assim é o cadastro das pessoas que esperam por um órgão no Brasil.
A chamada fila do transplante muda diariamente, à medida que órgãos são destinados a pacientes que dependem da doação para sobreviver. De acordo com a atualização mais recente do Ministério da Saúde — de 18 de setembro — 40.471 pessoas esperam para receber um órgão.
Para otimizar os serviços e melhorar a qualidade do que é feito atualmente no Sistema Nacional de Transplantes, o Ministério da Saúde anunciou um incremento de cerca de R$56 milhões, dinheiro que será investido no aumento da capacidade dos centros de transplantes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Trata-se de um aporte progressivo que deve variar entre 40% e 80% e será investido não só nos procedimentos de transplante de órgãos e medula óssea, como dos procedimentos pré e pós-transplantes.
Razões para o investimento
Segundo o Ministério da Saúde, foi feita uma análise dos indicadores do método de cálculo e das metas, o que permite uma classificação mais adequada dos recursos repassados aos centros transplantadores. O investimento deve servir, segundo o Ministério, para fortalecer as ações no que diz respeito à segurança do paciente e o aumento da qualidade dos serviços feitos hoje pelo SNT.
Para a médica Nubia Vanessa, especialista em transplante de córnea, não basta investir, é preciso também fiscalizar.
“Por exemplo, um determinado hospital pode ser qualificado para fazer cirurgia de transplante de rim, mas depois que é passada a visita e o hospital está credenciado, o Ministério não retorna para poder ver se os indicadores — que foram apresentados no credenciamento — estão sendo cumpridos, isso o Ministério não faz. Ele não tem uma fiscalização para poder saber por quê determinado centro diminuiu a quantidade de transplantes, o que foi que aconteceu.”
Para ela, o Ministério falha no aprimoramento e na vigilância desses indicadores. A médica ainda levanta outra questão sobre os repasses de recursos no pós-transplante. No caso do de córnea, o SUS só repassa à instituição que realiza os procedimentos, o valor referente a uma única consulta, mesmo que o paciente precise de acompanhamento frequente nos primeiros dias pós-cirúrgicos.
“Depois da operação, eu vejo o paciente durante 30 dias e o serviço não recebe nada por isso. E o paciente que passa por um transplante, na verdade, requer várias consultas.”
O lado de quem já passou pelo transplante
O servidor público Cássio Cavalcante, de 49 anos, recebeu um transplante renal em 2019, no hospital referência desse tipo de cirurgia em São Paulo — o Hospital do Rim. Ele conta que o acompanhamento feito pelo SUS antes e depois da operação é fundamental para o sucesso do transplante.
“O rim, assim como a maioria dos transplantes, se você não tiver o acompanhamento, não fizer os exames regulares, você corre sérios riscos de rejeitar o rim. Então seria um contrassenso você fazer o transplante e não ter o pós-acompanhamento.”
Para Cássio, “qualquer incremento de recursos financeiros para o sistema de transplantes, contribui para aumentar a vida útil de um transplante, sobretudo no pós-operatório”.
De janeiro até junho deste ano, o número absoluto de transplantes aumentou 16%, segundo o Ministério da Saúde. A expectativa é que com o aporte, esse número cresça ainda mais.
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