A defesa do tenente-coronel Mauro Cid mudou o discurso a respeito da tentativa de vender presentes recebidos por Jair Bolsonaro quando ocupava a Presidência. O novo advogado afirmou que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro agiu a mando de alguém.
Cezar Bitencourt assumiu a defesa de Mauro Cid na terça-feira (15), o terceiro contratado depois que os dois anteriores deixaram o caso. Em entrevista ao programa Conexão, da GloboNews, Bitencourt disse que Mauro Cid cumpria ordens.
“Ele é um militar, mas ele é um assessor. Assessor cumpre ordens do chefe. Assessor militar com muito mais razão. O civil até pode se desviar, pode... Mas o militar tem por formação essa obediência hierárquica. Então, alguém mandou. Alguém determinou. Ele é só o assessor. Assessor faz o quê? Assessora, cumpre ordens, cumpre determinação. E quem cumpre ordens não manifestamente criminosas - no caso de ser militar, funcionário público - tem direito a excludentes. Então, a gente vai examinar os fatos, saber quem é quem, até onde vai a responsabilidade de um e até onde vai a responsabilidade do outro”, afirmou Cezar Bitencourt, advogado de Mauro Cid.
Na entrevista, o advogado não citou em nenhum momento o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Mauro Cid serviu como ajudante de ordens durante todo o governo. Cid está preso desde maio de 2023 por suspeita de falsificação de comprovantes de vacina contra a Covid e também é investigado por suposto envolvimento na tentativa de resgatar joias de diamantes apreendidas pela Receita Federal.
Além de Cid, outro suspeito de participação no esquema de venda de presentes nos Estados Unidos é o advogado do ex-presidente, Frederick Wassef. Na terça-feira (15), Wassef confirmou que recomprou, em dinheiro vivo, nos Estados Unidos, o relógio Rolex dado de presente a Bolsonaro em viagem oficial à Arábia Saudita. Wassef mostrou o recibo de US$ 49 mil em nome dele; disse que queria apenas devolver o relógio para a União; e que nunca conversou com Mauro Cid sobre a recompra.
Mas o recibo apresentado na terça (15) por Wassef acabou aumentando suspeitas. No recibo de recompra está o nome de Chase Leonard. O programa Estúdio i, da GloboNews, mostrou que a Polícia Federal identificou no celular de Cid uma mensagem com o nome Chase Leonard. Para a Polícia Federal, o rascunho da mensagem reforça a suspeita de que foi o próprio Cid quem pediu que Wassef recomprasse o relógio nos Estados Unidos.
Sobre as declarações do advogado de Mauro Cid, o Jornal Nacional procurou a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, mas não teve retorno.
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