A atriz Léa Garcia morreu aos 90 anos de idade por “complicações cardiológicas”.
A morte foi comunicada, nesta terça-feira (15), através de seu perfil nas redes sociais. “É com pesar que nós familiares informamos o falecimento agora, na cidade de Gramado, no Festival de Cinema de Gramado, da nossa amada Léa Garcia”, afirmou a nota.
A agência responsável pela atriz confirmou que a morte aconteceu na madrugada desta terça-feira (15) “devido a complicações cardiológicas”. Léa estava hospedada na cidade com seu filho, Marcelo Garcia.
“Agradecemos as mensagens de solidariedade e pedimos que respeitem o momento delicado dos familiares e amigos. Ainda não há informações sobre o velório de Dona Léa Garcia. Avisaremos em breve”, concluiu o comunicado.
Pelas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou a morte de Léa: “Uma grande atriz e uma pioneira no enfrentamento do racismo e na abertura de espaços para atrizes negras na televisão e no cinema.”
“Meus sentimentos aos familiares, amigos e aos fãs de Lea”, concluiu Lula.
Léa estava em Gramado, no Rio Grande do Sul, para participar do Festival de Cinema da cidade.
Ela seria homenageada, nesta terça, com o Troféu Oscarito, junto de sua colega atriz, Laura Cardoso.
“Léa Garcia possui uma história antiga com Gramado, conquistando quatro Kikitos com Filhas do Vento, Hoje tem Ragu e Acalanto. Com 90 anos completos, a veterana possui no currículo mais de 100 produções, incluindo cinema, teatro e televisão. Com uma célebre trajetória nas artes, foi indicada ao prêmio de melhor interpretação feminina no Festival de Cannes em 1957 por sua atuação no filme Orfeu Negro que, em 1960, ganharia o Oscar de melhor filme estrangeiro, representando a França”, disse a organização do festival ao anunciar a homenagem.
A atriz acompanhou as primeiras exibições do festival, que começou na sexta-feira (11).
Nascida em março de 1933, no Rio de Janeiro, Léa começou sua carreira no teatro, subindo no palco pela primeira vez na peça “Rapsódia Negra”, em 1952, pela companhia Teatro Experimental do Negro.
Já em 1957 ela atuou no cinema como a personagem “Serafina” no longa-metragem “Orfeu Negro”, que foi feito a partir da peça homônima, dirigido pelo francês Marcel Camys. O filme foi indicado ao Palma de Ouro em Cannes em 1957 e venceu o Oscar de “Melhor Filme Estrangeiro”, no ano seguinte.
Na televisão, Léa estreou na década de 1950 pela TV Tupi, e, em 1970, fez sua primeira participação em produção da TV Globo em “Assim na Terra como no Céu”.
Em 1972, participou do primeiro programa gravado inteiramente em cores no país, em “Meu Primeiro Baile”. No mesmo ano, fez sucesso com a personagem “Elza” na novela “Selva de Pedra”.
A TV Globo relembra que o maior sucesso da carreira de Léa aconteceu em 1976, com a novela “Escrava Isaura”. “Foi a primeira vilã de Léa Garcia na TV, o que lhe rendeu também problemas, além do reconhecimento de público. A atriz sofreu inclusive violência física de pessoas que não conseguiam separar a personagem da vida real”, relembra o Memória Globo.
“[Léa] foi peça fundamental na quebra da barreira dos personagens tradicionalmente destinados a atrizes negras. Tornou-se, assim, uma referência para jovens atores e admirada pela qualidade de suas atuações”, escreveu a organização do Festival de Cinema de Gramado.
“Quando eu estava começando no mundo das artes ela já brilhava nas telonas. Léa Garcia é uma inspiração. Doce, gentil, talentosa, uma estrela, uma pérola. Precisamos reverenciá-la, todos os dias”, afirmou a atriz Zezé Motta.
A atriz seguia ativa e atuou, em 2022, nos longas “Barba, Cabelo e Bigode”, “Pacificado” e “O Pai da Rita”.
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