A Polícia Federal de Pernambuco, através da delegacia de Caruaru, deflagrou na manhã de hoje (13) a ‘Operação Hidra’ que teve o objetivo de investigar a movimentação de uma organização especializada em crimes contra a administração pública e lavagem de dinheiro. Formado por agentes públicos, servidores, empresários e particulares, o grupo criminoso atuava no sertão do estado.
A ação contou com a participação de 214 policiais federais, que cumprem 86 mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região, em endereços localizados nos municípios de Recife, Camaragibe, Caruaru, Arcoverde, Ibimirim, Afogados da Ingazeira, Itacuruba, Inajá e Salgueiro.
As investigações começaram a partir de acordo de delação premiada, homologado pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5), onde as informações permitiram encontrar indícios de associação criminosa, tais como: obtenção de dados financeiros, demonstrando a existência de movimentações indicativas de lavagem de dinheiro (possivelmente decorrente de corrupção e/ou de desvio de recursos públicos); constatação da inexistência de empresas contratadas pela prefeitura ou da insuficiência/incapacidade de outras para fornecer os objetos licitados; verificação da existência de vínculos suspeitos entre os proprietários das empresas contratadas; e, ainda, análise de processos licitatórios com indicativos de contratações diretas irregulares, superfaturamento e fraudes.
Durante a investigação, apareceram indícios de que os gestores municipais investigados teriam contratado empresas “fantasmas” e ligadas ao grupo dos mesmos empresários, para o fornecimento de material e prestação de serviços nas áreas de saúde, obras de engenharia e terraplanagem/pavimentação e locação de veículos.
Nas licitações realizadas pelo município, há indícios de que gestores, indicaram um dos empresários beneficiados pelo esquema, para assumir o cargo de pregoeiro, com o fim de garantir a vitória de empresas previamente selecionadas.
Também foram levantados fortes elementos que sugerem que os investigados teriam mantido contatos prévios para ajustar quais empresas ganhariam as licitações, tendo, inclusive, os empresários participantes do esquema tomado conhecimento dos documentos das licitações, antes mesmo que elas fossem oficialmente divulgadas.
A operação ainda levantou que os investigados, agentes públicos e empresários, teriam combinado entre si, com o objetivo de acertar valores de vantagens indevidas que deveriam ser pagas em virtude de as empresas previamente selecionadas saírem vencedoras nos certames.
Nas investigações, foram coletadas evidências da utilização de diversas contas “laranjas” em nome de servidores, ex-servidores municipais e pessoas sem qualquer condição socioeconômica para movimentar os valores revelados nos relatórios de inteligência financeira, bem como de empresas “fantasmas”, para movimentar os valores vindos de atos de corrupção e de possíveis desvios de recursos públicos.
Os crimes investigados são de: formação de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, dispensa indevida de licitação e fraude à licitação , e de lavagem de dinheiro, cujas penas máximas, somadas, podem ultrapassar 42 anos de reclusão.
O nome da operação faz referência à criatura da mitologia grega que tem várias cabeças em um só corpo. No caso da investigação, verificou-se que um mesmo grupo político teria atuado em conluio com grupos empresariais distintos, com o fim de fraudar licitações em diversas áreas como saúde, engenharia, locação de veículos entre outras.
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