“Todo caminho da gente é resvaloso. Mas, cair não prejudica demais. A gente levanta, a gente sobe, a gente volta! O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza".
A memória depende diretamente do tempo para se constituir e o tempo depende da memória para poder permanecer. É por meio da relação do indivíduo com o tempo que ele constrói a memória, possibilitando a preservação da sua identidade e a constituição da sabedoria.
No romance Grande sertão: veredas de Guimarães Rosa, essa experiência temporal humana é apresentada e veiculada por meio da rememoração do protagonista. No livro, verifica-se que a relação entre memória e tempo é indispensável para a construção da identidade do personagem que relata e para o desenrolar da narrativa. A viagem ao passado realizada por Riobaldo constitui a tentativa de encontrar a si mesmo por meio do que decorreu e ela apenas se torna possível com o uso da memória.
"Digo: o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia".
A frase do escritor João Guimarães Rosa pode ser uma das traduções, revelação da longa trajetória de Manoel Izidoro de Oliveira. A história de Manoel Izidoro teve início em 15 de junho de 1917, nos sertões da Paraíba, Brejo de Areia, onde residiu no Sítio Carrapato.
Nesta quinta-feira dia 15 de junho o dia foi para festejar 106 anos de nascimento. Manoel Izidoro é tio avô do jornalista colaborador da REDEGN, Ney Vital.
Manoel Isidoro de Oliveira se reuniu com a família para comemorar seus 106 anos. Nascido em 1917, o idoso presenciou grandes momentos da história da humanidade, desde as grandes guerras até a pandemia de Covid-19.
A memória conta que no sítio Carrapato ajudou o pai João Izidoro e a mãe Severina Cristina a cultivar café. Em Alagoa Grande, Paraíba, terra do Rei do Ritmo, Jackson do Pandeiro, exerceu a função de torneiro mecânico. Solidário ensinou a diversas pessoas a "arte" da atividade. A maioria dos aprendizes divulgam a gratidão pelo mestre Manoel Izidoro. Regista-se que muitos se tornaram empresários, donos de oficinas garantindo geração de emprego e renda.
Na palma das mãos e alma venceu muitas turbulências e foi até combatente em 1945, na Segunda Guerra Mundial, um dos acontecimentos de maior impacto da história da humanidade. Manoel viveu todos os grandes acontecimentos que marcaram os últimos 100 anos locais e da humanidade.
Seu Manoel afirma que a vidá é bela, nas suas cores, sons, cheiros e amores. Os momentos devem ser a poesia da simplicidade, entrelaçada com a complexidade singela da natureza e a matéria-prima do homem, que encontra, no chão da terra, o êxtase da sua plenitude, extraída do “amanhecer do rio” e do “conversar com as águas”.
"Para viver mais de um século? Não há formulas ou mistérios. Viver é deixar viver. Viver é coragem vencida a cada segundo", afirma.
Manoel Izidoro, atualmente, morando na capital da Paraíba, João Pessoa. Na trajetória entrelaçada e que supera um século, ele divide o tempo lembrando histórias. São 12 filhas, 01 filho, 27 netos, 35 bisnetos e 13 tataranetos.
A estilista Paula Oliveira, uma das filhas conta que ele é apreciador de um bom uísque e de uma dose de cachaça, um bom charuto, sempre com muita moderação e o gosto pela prosa, o dom de conversar. A proteção maior acrescenta Paula: "É o nosso amor maior e pedimos a proteção com todas as formas de precaução e cuidados que podemos ter para preservar a saúde".
Paula revela ainda que entre as mil formas de amor está a admiração que Manoel Isidoro tem de reinventar o mundo usando sempre a serenidade, resiliência, paciência e a felicidade.
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