Antes de discutirmos o que devemos esperar da economia e, consequentemente, da indústria têxtil nos próximos meses, acredito que seja interessante abordarmos o cenário atual.
Diante de tantas mudanças nos últimos anos e segundo dados do Fundo Monetário Internacional, a expectativa para o crescimento do PIB do Brasil é de 1,2% em 2023 e na economia global a projeção subiu de 2,7% para 2,9%. Isso nos faz crer em uma desinflação global e seguimos esperançosos em uma trajetória de elevação dos rendimentos médios do consumidor brasileiro.
Outro dado relevante é que no último ano o déficit comercial do setor têxtil cresceu 17%, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), portanto temos o desafio de fortalecer e desenvolver nossa indústria têxtil mesmo com obstáculos. Logo, a retomada do consumo e confiança dos consumidores é essencial para melhorar o desempenho de nosso setor.
Reverter o cenário volátil do mercado não é uma tarefa simples, mas é essencial para a sobrevivência das empresas. Temos oportunidades como a demanda maior de cadeia de fornecimento local em função das questões logísticas globais, melhoria na produtividade e investimentos em inovação na indústria 4.0.
Por meio de nossas ações, serviços e produtos, contribuímos com o abastecimento da cadeia produtiva para atender as expectativas do consumidor que está mais exigente. Ele zela pelo básico bem-feito, cuidados com meio ambiente e pessoas, daí a relevância da aplicação do conceito de ESG.
Devemos ser responsáveis por nossas ações não apenas como órgão individual, mas como patê da sociedade. Nesse sentido, podemos exemplificar algumas ações que estão ao alcance das nossas empresas e que realizamos recentemente em nossa operação: no último ano, lançamos nosso primeiro relatório de sustentabilidade, prática que seguiremos anualmente, em concordância com nossa estratégia de ESG.
Adotamos também um conjunto de ações ambientalmente adequadas em todas as etapas de produção, coleta, armazenamento, tratamento de efluentes, destinação de resíduos e produtos recicláveis com o objetivo de minimizar os efeitos adversos à qualidade do meio ambiente. Com orgulho, conquistamos certificações importantes, como Oeko-tex, que atesta o uso de produtos não-nocivos à pele humana e ZDHC (Roadmap to Zero), que atesta o correto descarte de produtos químicos. Também conquistamos o selo signatário ODS em nosso estado, com práticas aderentes ao tratado das Nações Unidas.
A preocupação com o meio ambiente e com iniciativas produtivas que provoquem menor impacto ambiental é uma realidade sem volta para nosso negócio. Estamos diante de uma geração que caminha cada vez mais para este consumo consciente, que visa entender a origem da matéria-prima da roupa que comprará, os processos produtivos, as condições dos trabalhadores e assim por diante.
O mercado da moda no Brasil contribui muito para a economia nacional e realiza grandes exportações para a América Latina e Estados Unidos. Tanto no Brasil, como nos demais países percebemos a tendência de inovações na experiência do consumidor, no desenvolvimento de tecidos tecnológicos, uso de poliéster reciclado e outras mudanças que geram oportunidades para o crescimento do mercado têxtil global. A personalização também é uma frente em expansão, permitindo mais exclusividade e interação com o cliente. Embora o contexto internacional desafiador, investimos em tecnologia, ampliamos nossa área produtiva e fazemos soluções em processos e estrutura, visando atender as elevadas expectativas do consumidor.
O início de 2023 tem apresentado um cenário conservador e cauteloso à luz do que temos como expectativas para o ano, mas estamos confiantes que este será um ano de recuperação. De acordo com dados do Instituto de Inteligência de Mercado (IEMI), é esperado para 2023 no setor de vestuário a comercialização de 6,55 bilhões de peças, o que representa 3,8% a mais que em 2019.
Assim, seguimos colocando nossos esforços em frentes que contribuam com o fortalecimento da economia e do setor têxtil, entregando responsabilidade e ética em nossas ações.
Eduardo Luiz Schwarz tem experiência internacional de 5 anos em Gestão de Custos e Orçamento e atualmente é Diretor Administrativo e Financeiro da Texneo, uma das maiores indústrias têxteis da América Latina.
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