“A verdadeira sanfona é aquele instrumento menor, de oito baixos, onde abrindo o fole é uma nota e fechando é outra, ensinada de pai para filho, conhecido no interior do nordeste como pé-de-bode ou concertina, e no sul como gaita-ponto”. (Oswaldinho do Acordeon)
A definição acima é compreendida pelo sanfoneiro Manuel Geraldo, pai do músico percussionista Paulo Henrique (PH Lucas). A familia perdeu recentemente seu Pedro Rodrigues, que viveu 101 anos.
A partida de seu Pedro representa que o mundo da sanfona de 8 baixos fica cada vez mais sem ícones que possam ensinar aos mais jovens e manter a tradição da cultura de tocar 8 Baixos.
Com a morte de seu Pedro, Manuel Geraldo, mantem a puxada da sanfona de 8 baixos. Manuel Geraldo é um dos poucos sanfoneiros que toca sanfona de 8 baixos e também a de 120 baixos.
Na atualidade são poucos os sanfoneiros de 8 Baixos que continuam mantendo a sonoridade considerada uma arte. O músico e neto PH Lucas, disse que o avô "era pura alegria e amante da música e da sanfona de 8 Baixos".
Neste período do ano, Manoel Geraldo ganha a companhia do Trio Petrolina e ganha literalmente a estrada e como todo sanfoneiro a vida é de viajante, qual cantou Luiz Gonzaga, fazendo shows por todo o Nordeste.
Manuel Geraldo, e considerado um dos mais talentosos da região, toca sanfona de 8 e de 120 baixos, um dos poucos sanfoneiros que possui este conhecimento.
"Meu pai, Pedro Rodrigues partiu. Cumpriu a missão na terra. Deixou uma história de determinação", disse Manuel Geraldo.
"Quem sabe tocar sanfona de oito baixos hoje está ficando velho, morrendo. É preciso renovar, buscar novos talentos, para a tradição não morrer". Essa é preocupação do sanfoneiro paraibano Luizinho Calixto, que há mais de 20 anos inicia crianças no instrumento, famoso nas mãos de Januário, pai de Luiz Gonzaga. O músico desenvolveu uma didática para facilitar o ensino, que carece de professores em todo o Nordeste. Em 2012, ano do centenários de Luiz Gonzaga, Luizinho Calixto realizou uma oficina para alunos de Exu Pernambuco que receberam o certificado de que aprenderam os primeiros passos na "pé de bode".
A sanfona de oito baixos é dividida em baixo, fole e teclado com 21 teclas. Cada tecla faz um som diferente quando o fole abre e fecha, ou seja, são 42 sons ao todo. As teclas do baixo têm que ser tocadas na hora certa, em harmonia com as do teclado. "A sanfona de oito baixos veio da Europa com uma afinação diatônica. Quando chegou aqui no Nordeste, alguém transportou, não se sabe o porquê nem baseado em quê, a afinação para o dó-ré, que é única no mundo todo", explicou Luizinho Calixto.
Esta falta de informação sobre a sanfona de oito baixos foi um desafio que o músico teve que vencer para poder elaborar a oficina de iniciação. "Diziam que só tocava quem tinha dom ou um parente na família para ensinar. Mas criei um sistema onde cada tecla é um número. Se a tecla está pintada de vermelho, é para fechar. De azul, para abrir. Assim, os meninos olham e pronto, já saem praticando sozinhos", disse.
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