Era uma vez uma cidade muito engraçada com o nome americanizado de Golden City. Cercada de morros e muitas serras, possuía também muitos rios, lagos, cachoeiras e lagoas.
Um local bastante aprazível. Terra de um povo acolhedor e de muitos tementes a Deus, e também ao pároco (existe uma lenda que tinha um sacerdote que empurrava as beatas da escadaria da igreja caso não estivessem com as vestimentas apropriadas).
Golden City rra uma aglomeração politizada. A política estava no sangue dos moradores, assim como o ouro estava para o seu rico e monopolizado subsolo. Em cada esquina tinha um gestor em potencial, igual torcedor de futebol que se sente técnico, achando-se no direito de escalar o time do seu coração.
Os anos corriam e as mesmas figuras emblemáticas, nem sempre carismáticas, mas muito divertidas, colocavam-se como opção para comandar os rumos do conglomerado de Golden (apelido carinhoso da cidade).
Os mais conhecidos políticos de Golden eram o organizado e mais abastardo 'Zé Come Cobra' (dizem que ele perdeu um torneio de peteca porque não abria a mão); o famoso 'Alô Bahia' (aquele que usava a origem pobre para sensibilizar os eleitores, mas na verdade era um sujeito considerado frio e dissimulado), e 'Seu Pinha', aquele que em todas as eleições cortavam suas pernas mas ele nunca desistia.
Ecistiam também as mulheres, que comiam pelas beiradas enquanto Zé Come Cobra, Alô Bahia e Seu Pinha se digladiavam. Eram Fifia e Maria Pitu. A primeira, mais catedrática, contava sempre com o apoio das famílias de sobrenome. Já Dona Pitu insistia em focar num público mais diversificado.
Golden City era diferenciada. Sua população não adoecia, não padecia, não exaltava, não clamava, não sorria; chorava...
O mais porreta de tudo é que lá todos eram loucos, um pelo outro.
Obs: A história não traduz necessariamente a realidade. Qualquer semelhança com os nomes dos personagens do texto é mera coincidência.
Por Gervásio Lima
Jornalista e historiador
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