A tecnologia é uma forte aliada no combate à violência contra a mulher - mas ainda é pouco usada. É só apertar o botão e o pedido de socorro aparece imediatamente na sala de comando da Polícia Militar, como na do Rio de Janeiro. Dali, a patrulha mais próxima é acionada. A agilidade é a diferença entre vida e morte.
Aplicativos direcionados a mulheres vítimas de violência doméstica já existem em vários estados do país. A localização da vítima é identificada pelo GPS do aparelho. A polícia ganha tempo, evita conversas como esta: “Teve agressão ou apenas ameaça?”, “Qual endereço da casa da senhora, por favor?”, “Me informa o endereço, por gentileza. Eu preciso saber o endereço da senhora para poder te ajudar melhor”. Este atendimento por telefone durou 6 minutos e 20 segundos. Com o aplicativo é bem mais rápido.
“Quando ela dispara o dispositivo de alerta, ele vai dar a localização dela, o endereço. Essa mulher já é uma mulher cadastrada. Então, a gente pulou essa etapa toda, e ela vai ser priorizada”, explica a tenente-coronel Claudia Moraes, coordenadora da Patrulha Maria da Penha do estado do Rio de Janeiro.
O aplicativo do estado do Rio pode ser baixado por qualquer mulher, sem restrições, e conta ainda com a possibilidade de listar três pessoas, os chamados "guardiões", para serem procurados pela polícia em caso de emergência. É possível ainda fazer o registro de ocorrência online e pedir uma medida protetiva.
Apesar de todos esses serviços, da praticidade e maior agilidade do aplicativo, os números mostram que essa ferramenta ainda é pouco usada. Os acionamentos, downloads e usuários do aplicativo são bem menores do que os casos de violência contra a mulher.
No Rio de Janeiro, o aplicativo foi criado em outubro de 2022 e teve, até agora, 17,5 mil downloads. Um número bem menor do que o de mulheres em risco que pediram medida protetiva desde o início do ano passado.
O aplicativo de São Paulo, de 2019, foi baixado 24 mil vezes e só nos três primeiros meses de 2023, o volume de processos envolvendo violência contra a mulher é bem maior.
No Paraná, também é grande a diferença entre o número de instalações do aplicativo, que existe desde 2021, e o de medidas protetivas. E no Piauí, onde o aplicativo está no ar há seis anos, os downloads representam menos de 10% das decisões judiciais para afastar o agressor concedidas desde o início de 2022.
Cinthia Peres, especialista em processos legislativos, tem medida protetiva, mas não dispensa a ajuda da tecnologia na palma da mão.
“Eu vivo uma perseguição há três anos. O aplicativo foi muito útil tanto para mim e eu acredito que seja para outra mulheres que estejam passando pela mesma situação. Serve para preservar vidas, para proteger vidas”, afirma Cinthia Peres.
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