Indignação. Revolta. Estes são alguns dos sentimentos traduzidos nas redes sociais lamentando a programação do São João de Petrolina edição 2023, divulgado pelo prefeito Simão Durando.
A programação é de atrações e nomes de sertanejos com ritmos que não estão tradicionalmente ligados ao período junino.
"Por favor @prefeitura de Petrolina, muda ai o nome. Isso não é programação de São João. Vou ajudar: Festival Sertanejo de Petrolina...se fosse produção privada ok. Mas é poder público, com dinheiro do povo, ajudando a destruir de vez as nossas ricas traduções culturais. Essa ai pode ser uma mega festa mas não tem a arte e nem o gosto e aconchegante clima das festas juninas. É Só mais um evento sertanejo da moda que acontece o ano inteiro", disse o escritor e jornalista Helio Poeta.
Centenas de mensagens foram escritas acusando a descaracterização do São João. "Agora me diga. Leo Santana e Alok no São João? Totalmente sem nexo. Mais um ano de decepção", escreveu Vanessa Lima.
"Cadê o forró raízes do São João...Geraldo Azevedo, Alceu Valença...decepcionante ver o sertanejo tomar conta da grande da programação...é preciso nivelar com o tradicional", declarou ChaoSkin pelas redes sociais.
Este ano o cantor e forrozeiro Alcymar Monteiro voltou a criticar o recorte curatorial adotado por algumas gestões municipais ao contratar sertanejos para o São João.
"A cultura é o que nos identifica como povo. Pensando assim, o forró é mais do que um ritmo. Mais do que nunca, hoje ele é uma música etnológica, que representa os mais milhões de nordestinos que existem no Brasil", defendeu Alcymar.
"Estão tentando transformar nosso São João em festa dos horrores. Querem apagar nossa fogueira, transformar nossa pamonha em crepe e nosso quentão em uísque importado do Paraguai", dispara.
A descaracterização da festa também preocupa os internautas e artitas ligados ao tradicional.
De acordom os internautas 'o turista que não é nordestino e vem participar dessa nossa comemoração quer ver o que é daqui". "Os órgãos públicos, que organizam essas apresentações, precisam ter mais cuidado com a preservação da nossa cultura. Enquanto isso não ocorre, a gente vai continuar protestando", diz a cantora Irah Caldeira.
Ano passado o cantor Alcymar Monteiro, o Rei do Forró, disse que a grade dos festejos juninos de Petrolina é uma agressão e violência à verdadeira expressão da cultura nordestina, quando prioriza a presença de artistas que estão longe das tradições gonzagueanas do São João, representadas pela sanfona, o triângulo e a zabumba.
“Esse São João de Petrolina não é São João. É um verdadeiro festival de Breganês do Brasil. Fico indignado como uma cidade tão progressista, tão bonita, tão nordestina, promove um festival de horrores, só com duplas de breganejos, totalmente fora da realidade nordestina", disse.
As atrações de Petrolina, segundo ele, não tocam forró, não têm sanfona, não têm zabumba, não têm triangulo. "Petrolina, infelizmente, encontrou uma maneira de deturpar nossas tradições, nossos valores. É uma tradução do mau gosto de quem não entende de ‘nordestinia’ e cultura popular. Tenho certeza de que um dia isso vai mudar e o forró vai reinar realmente no verdadeiro São João, que é o maior festival do inverno do mundo", afirmou.
Para Alcymar Monteiro, é muito triste ver o que está acontecendo em Petrolina. "Petrolina, culturalmente falando, está fora da realidade. Virou uma cidade que promove a destruição dos nossos valores, da nossa cultura, da nossa ‘gonzaguianidade’. O forró é a trilha sonora do São João. Fora isso, não reconheço outro gênero musical, porque temos nossos valores, nossas tradições, nossas traduções, que tem que ser respeitadas pelas autoridades. Quem não respeita as nossas tradições não têm condições nenhuma de administrar nossa cultura", acrescentou.
E complementou: "Isso é um grito de alerta de um forrozeiro que tem 40 anos de estrada, que já cantou com todos os segmentos culturais do nosso povo. Já gravei com Luiz Gonzaga, Zé Ramalho, Alceu Valença, Elba Ramalho, Fagner, Dominguinhos, esses grandes artistas que fazem a nossa cultura uma expressão máxima, ideologicamente falando, do nosso povo. Viva o Forró, viva o São João, viva nossas manifestações, porque se continuar assim, o forró e o São João vão acabar. E essa conta tem que ser creditada aos malfeitores, mal administradores, que só pensam em deturpar nossos valores em detrimento das novas e futuras gerações.”
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