A Univasf-Universidade Federal do Vale do São Francisco amanheceu nesta quinta-feira (6) com o novo reitor, agora professor doutor Telio Nobre Leite. A nomeação foi assinada ontem dia 4, pelo Presidente Lula. A atribuição de reitor terá duração de 4 anos conforme o decreto do Ministério da Educação.
O professor doutor Julianeli Tolentino, através das redes sociais comemorou: "De acordo com o desejo da comunidade acadêmica da Univasf, o professor Telio acaba de ser nomeado pelo presidente Lula. Seja bem vindo meu amigo, ao seu lugar de direito. Venceu a democracia. Sigamos nessa boa luta".
Durante o Governo Bolsonaro a Univasf foi comandada por um reitor pro tempore, não eleito através dos votos.
INTERVENÇÃO NUNCA MAIS: O site Brasil de Fato destacou que o professor Paulo César Fagundes foi indicado pelo então Ministro da Educação, Abraham Weintraub, descumprindo a lista tríplice. A medida foi amplamente desaprovada pela comunidade acadêmica.
Na época, a diretoria do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN) emitiu uma nota de repúdio contra mais uma intervenção realizada pelo governo federal. "O governo Bolsonaro e o Ministro da Educação demonstram, cotidianamente, aversão às consultas democráticas para escolha de dirigentes das IFES", dizia a nota.
Há quase três anos anos na instituição, o antigo reitor é alvo de críticas do movimento estudantil. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da instituição denunciou o reitor pelo uso exagerado de verbas para viagens. De acordo com o Portal da Transparência, foram cerca de R$ 150 mil gastos em 56 viagens nacionais.
O Sindicato dos Docentes da Univasf (SINDUNIVASF) visualiza que a nomeação traz esperança para a universidade. Rafael Torres, presidente do SINDUNIVASF, relembra que os anos da gestão de Paulo Fagundes foram difíceis. “Foi uma gestão marcada pela falta de diálogo, falta de transparência e desrespeito ao Conselho Universitário”, afirma. De acordo com o presidente, são características opostas às que marcaram a primeira gestão do Professor Julianelli na Univasf. “Ele tinha respaldo da comunidade acadêmica e foi uma gestão pautada pelo diálogo”.
O sindicalista cita a criação das Assembléias Tripartite e de fóruns de discussão como ferramentas para uma troca efetiva com coordenadores, técnicos, docentes e discentes. “Quando tinham assuntos que mexeriam com a política da universidade, esses fóruns eram locais de debate prévio”, recorda.
Novos ares: "a democracia está de volta"= "Essa nova nomeação representa pra nós, estudantes, a democracia voltando para os eixos", avaliou a estudante Jéssica Albuquerque, discente de Ciências Biológicas, no Campus Ciências Agrárias (CCA), e militante do Levante Popular da Juventude. Ela pontua que a nomeação de um interventor pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) "passou por cima das eleições", que tinha eleito uma gestão democraticamente.
Para a nova gestão, a discente espera o fim do sucateamento dos espaços da instituição e a ampliação do acesso à tríade universitária: ensino, pesquisa e extensão. "A nova gestão acende na gente a esperança da ampliação da importância que a Univasf tem para os territórios onde ela está inserida. A gente espera que os estudantes tenham condições de permanecer nesses espaços, porque cada dia está mais difícil", sinaliza.
Jéssica Albuquerque cita o fato do Restaurante Universitário (RU) da Univasf estar paralisado desde 16 de dezembro. "O RU está sem funcionar por incompetência dessa gestão", critica. Ela reforça a importância da assistência estudantil. "Esperamos que volte o RU e que a gente possa, um pouco mais pra frente, ter condições de ampliar para que todos os campus tenham RU e que as bolsas de permanência e assistência sejam ampliadas também", completa.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) destaca que, durante a gestão de Paulo César Fagundes, o movimento estudantil sofreu com perseguição política. A falta de diálogo e de transparência nas contas da universidade também foram citadas como principais problemas.
“Avaliamos essa gestão interventora como péssima pra universidade. Foi um interventor ausente da vida acadêmica, que gastou enormes quantias com viagens e viagens. Foi [também] uma gestão marcada pela perseguição ao movimento estudantil”, enfatiza Felipe de Oliveira, discente de Ciências Sociais e presidente do DCE.
Além disso, Felipe pontua o descumprimento das decisões do Conselho Universitário, atraso em pagamentos de bolsas estudantis, obras e reformas atrasadas e uma série de outros problemas que fazem ele definir a gestão como “caótica”.
Por fim, a avaliação com a nova nomeação também é positiva. “A gente enxerga com bons olhos. Enquanto reitor, ele sempre teve um diálogo aberto, fez o maior investimento em assistência estudantil e era conectado com as causas sociais”, conclui.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.