A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) tornou pública as cartas “Energia VERDADEIRAMENTE LIMPA para um Semiárido Vivo!” e “Não ao trigo transgênico no Brasil!”.
Os documentos, entregues em mãos ao presidente Lula, durante visita ao Recife no último dia 22, expõem as contradições dos projetos de parques eólicos e usinas solares, e chamam a atenção para os riscos da liberação comercial da farinha e da aprovação do cultivo do trigo geneticamente modificados.
No primeiro texto, a ASA relembra a incoerência nas políticas de convivência com o Semiárido estabelecidas pelo executivo federal que, nos últimos anos, oscilou entre ações pautadas no saber local e nas tecnologias sociais e em grandes obras voltadas ao lucro financeiro de poucos.
“Os parques eólicos e as fazendas solares chegaram ao Semiárido com uma promessa de energia limpa, com retornos ambientais e financeiros para as comunidades, o que não é verdadeiro. As terras onde as turbinas estão instaladas tornam-se improdutivas; a saúde das famílias que vivem nas proximidades se deteriora física e mentalmente; as mulheres são expostas a todo tipo de violência física e sexual”, detalha o texto.
Cícero Félix, membro da coordenação executiva da ASA no estado da Bahia, passou às mãos do presidente Lula as cartas da entidade. O encontro ocorreu, na quarta-feira (22), após o mandatário ter visitado um complexo híbrido de energias eólica e solar, na Paraíba, e momentos depois do relançamento do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e outras medidas de fortalecimento da agricultura familiar e combate à fome.
Em novembro de 2021, portanto no governo Bolsonaro, o Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS) aprovou a importação de farinha argentina produzida a partir do trigo transgênico. No início deste mês, o órgão foi além e autorizou a importação da semente geneticamente modificada do cereal para o cultivo no Brasil.
“A aprovação de um evento geneticamente modificado de trigo para ser resistente a um agrotóxico de alta toxicidade - o glufosinato de amônio -, além dos potenciais riscos aos distintos biomas e à saúde humana, pode trazer graves repercussões socioeconômicas para o país. Num momento de crise dos preços dos insumos agrícolas e dos alimentos, qualquer tecnologia que venha a repercutir nos custos de produção e na cadeia do trigo - alimento de consumo massivo da população, inclusive de baixa renda, é completamente descabido”, pontua a carta assinada pela ASA e por mais 13 entidades.
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