Em reunião no Núcleo de Educação do Território do Sertão do São Francisco (NTE 10) na manhã desta terça (14), a presidenta da União das Associações do Vale do Salitre (UAVS), Érica Daiane, apresentou a proposta da construção de uma escola estadual no Vale do Salitre, distrito de Junco,área rural de Juazeiro (BA). A proposição contou com respaldo de representantes de mães, estudantes, da gestão da Extensão do Colégio estadual Artur Oliveira da Silva que funciona em Goiabeira e do Coletivo Enxame, que também vem pautando o assunto junto a mandatos parlamentares.
Esta demanda já vem sendo discutida há um tempo devido aos desafios com a garantia do ensino médio de qualidade nos distritos e tendo em vista que há uma demanda grande de estudantes que hoje frequentam a rede estadual de educação. A possibilidade de uma escola no distrito de Junco foi bastante aceita pelo diretor do NTE, Reginaldo Alves, que disse já está se movimentando para construção de outras escolas na região e que poderia incluir a solicitação feita pela comunidade.
Segundo o NTE, hoje mais de 500 estudantes das comunidades do Salitre seriam atendidos/as com a construção desta escola, o que evitaria ter que implantar extensões das escolas da sede, custear transporte no período diurno para a cidade e poderia ainda garantir estudo para muitos/as jovens que pararam no 9º ano.
Para o estudante Miqueias Ribeiro, da comunidade de Junco, isso seria muito bom para a juventude salitreira e para as famílias de modo geral que enfrentam vários problemas para garantir acesso à educação no campo. Miqueias e uma média de 15 jovens de Junco e circunvizinhança este ano ainda não foram às aulas por falta de transporte, o que deve ser garantido através da parceria estado e município. A reunião no NTE teve o objetivo inicial de tratar deste problema, o que levou a comissão a procurar também a Secretaria de Educação do município.
Para Maria Alice Oliveira, essa escola é fundamental, pois é preciso garantir aulas da rede estadual no período diurno e noturno, já que muitos/as jovens, a exemplo do seu filho, trabalham durante o dia e só podem estudar à noite. Já adolescentes que ingressam cedo no ensino médio, as famílias preferem que estudem durante o dia, como é o caso de Heloísa Dias, da comunidade de Alfavaca, que hoje se desloca todos os dias para o Colégio Modelo, na cidade. “Se houvesse uma escola estadual no Salitre, de qualidade, haveria menos busca em escolas na cidade e haveria menos jovens que não tem ensino médio completo, porque é muito precária a situação da educação no Salitre”, expressa Heloísa, que estava no ônibus que caiu no dreno enquanto trafegava para a cidade no último dia 13.
A presidenta da UAVS diz que esta é uma luta que todas as comunidades abraçam e que está ligada a diversas outras questões. “Hoje temos um problema enorme com transporte escolar, que também está ligado as péssimas condições das estradas, então a gente conquista a escola e segue na luta por asfalto, por exemplo, e assim vamos ter menos problemas com transportes de estudantes, de professores/as, com evasão, e por aí vai”, pontua Érica Daiane.
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