No dia 13 de março de 1964, no famoso Comício da Central do Brasil, no Rio de Janeiro, o presidente João Goulart anunciava as chamadas Reformas de Base, com ênfase na reforma agrária.
Pela primeira vez, na história da República, a ideia da redistribuição da terra ganhava a simpatia de um governo, tornando-se uma possibilidade real.
Todavia, a reação por parte dos segmentos conservadores e retrógrados da sociedade não se fez por esperar.
Nas semanas subsequentes, a velha direita, com o apoio de setores da imprensa, em especial do jornal O Globo, ocupava as ruas do país, pressionando pela destituição do governo de Jango Goulart – governo legitimamente eleito –, o que acabou ocorrendo no dia 31 daquele mesmo mês (março), quando os militares, pela força das armas, deflagraram o golpe de Estado que, por 21 anos, mergulhou o país no mar tenebroso da ditadura e do arbítrio.
Hoje, passadas quase seis décadas, vemos parte significativa da mesma direita (agora sob o manto do bolsonarismo), voltar sua carga contra a legitimidade de um governo também ele consagrado pela soberania do volto popular e também ele comprometido com os anseios mais profundos do povo brasileiro.
Tal atitude foi responsável, entre outros absurdos, pela barbárie do dia 8 de janeiro de 2023, quando uma turba bolsonarista, apoiada por elementos do agronegócio, do garimpo ilegal, da polícia e das Forças Armadas, invadiu o centro da Capital Federal e depredou as sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, numa clara tentativa de golpe de Estado, o que, graças à ação imediata destes mesmos poderes, acabou não se efetivando.
Os cães são os mesmos, só muda a coleira.
José Gonçalves do Nascimento
Escritor
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