Símbolo da cultura brasileira, imortalizado na música e na pintura, o caju está presente em diferentes pratos, bebidas, no artesanato e até em peças automotivas. Uma petição que reivindica a criação do seu emoji para as redes sociais já conta com mais de 10 mil assinaturas na plataforma Change.org. A largada para o abaixo-assinado foi dada durante uma ação que mobilizou turistas e visitantes do maior cajueiro do mundo, em Pirangi, no Rio Grande do Norte.
A jornalista Alice Sales, reportagem Agencia Eco Nordeste, conta que a iniciativa quer destacar a importância do caju como símbolo dos sabores brasileiros. “Tem emoji de tudo que é coisa, mas não tem um emoji de caju??? Pera aí que a gente vai resolver isso juntos e trazer o emoji de caju pra casa – ou melhor, pros teclados dos nossos smartphones”, diz trecho da petição on-line criada pelo humorista Whindersson Nunes.
“Desde o surgimento dos emojis, vemos a cada atualização a importância de incluir diferentes culturas, raças e gêneros em forma de emoticons nos teclados dos smartphones do mundo todo. Por isso, nada mais justo que o caju também tenha um símbolo só seu, que mereça ser conhecido e utilizado por aí!”, finaliza o texto da petição.
Eva Duarte, bibliotecária natural do Rio Grande do Norte, que também atua no meio digital, conta que sempre que precisa criar conteúdos nas redes sociais que envolvem a cultura de sua terra, busca pelo emoji do caju e nunca encontra.
“Acho a criação do emoji uma ideia sensacional, já que, além de representar o Nordeste, o caju é um dos símbolos máximos de Natal, capital do Rio Grande do Norte. É importante inclusive, do ponto de vista turístico. Um turista de fora talvez não tenha essa percepção porque falta referência para ele que o caju é um ícone nosso. Parece algo bobo, mas não é porque quando você vai publicar algo sobre Recife, por exemplo, consegue encontrar aquele guarda-chuvinha colorido do frevo e isso fortalece, sem dúvidas, a identidade do lugar e das pessoas que nele vivem”, Eva reforça.
VALORIZAÇÃO DA CULTURA:Para Joel Henrique Cardoso, pesquisador doutor da Embrapa Agroindústria Tropical, centro de pesquisas que desenvolve estudos sobre a cajucultura, a petição é válida e se justifica, principalmente para que o brasileiro conheça mais o caju, o reconheça como é importante para o País e que possa utilizá-lo mais.
“O caju é símbolo da fruticultura nacional. Foi escolhido como símbolo da Sociedade Brasileira de Fruticultura. É uma espécie nativa do Brasil, até onde se sabe. Possui uma identidade muito forte, é enaltecido na música, na cultura popular, no artesanato e principalmente na gastronomia, presente nos hábitos alimentares das populações e dos territórios”, ressalta o pesquisador.
Cardoso destaca o grande potencial de consumo in natura, assim como de seus subprodutos, como a cajuína, suco e geleias. Além disso, é utilizado como matéria-prima para produtos similares à carne feitos a partir da fibra e o leite de amêndoa, que hoje substitui produtos lácteos. No entanto, por mais que o caju tenha uma grande representatividade, o pesquisador considera que a amêndoa possui um valor agregado muito alto, mas ainda não é um alimento que está fortemente presente na dieta das pessoas, embora seja recomendado como saudável. O pedúnculo também não atingiu ainda o seu potencial máximo de consumo in natura e de produtos derivados.
Gerson Linhares, idealizador e diretor do Museu do Caju, situado em Caucaia (CE), avalia que a cajucultura vem sendo esquecida nos últimos anos, e que a criação do emoji vem não só para fortalecer a identidade cultural da região Nordeste, mas da cultura do caju em si.
“É necessário sim a gente criar uma força-tarefa que envolva todos os agentes envolvidos na cajucultura para que a atividade seja fortalecida. A criação do emoji é muito importante porque tudo hoje em dia está no meio virtual. A criação desse ícone virtual também terá um alcance para o público infanto-juvenil. O cajueiro é uma árvore nativa do nosso país e merece sim esse reconhecimento digital”.
MUSEU DO CAJU:
O espaço promove e divulga a cultura do caju como um dos principais produtos de inclusão sócio, educacional, cultural e econômica do Ceará | Foto: Museu do Caju
O Museu do Caju foi inaugurado em 2007, por idealização do educador, turismólogo e pesquisador Gerson Linhares, inspirado na leitura de uma poesia chamada “Criação do Caju”, do poeta popular Souto Maior. O equipamento cultural, situado no município de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), no Ceará, visa promover e divulgar a cultura do caju como um dos principais produtos de inclusão sócio, educacional, cultural e econômica do Estado do Ceará. O projeto é pioneiro e único no Brasil na área da cajucultura no segmento de criação de museu atrelado ao tema.
A experiência da visita ao museu inclui a oportunidade de provar delícias de uma culinária que o tem como base e adquirir peças de artes, artesanatos e brindes com a temática do caju elaborados por cearenses (artesãos, artistas plásticos, fotógrafos e poetas cordelistas) de cerca de 20 municípios. Além disso, o espaço traz o caju como um instrumento de mudanças para o Ceará.
“Recebemos aqui crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares e além do trabalho museológico, a gente também fortalece o segmento da arte e da cultura. Trabalhamos com artes plásticas, artesanatos e temos uma linha especial de literatura de cordel que traz a temática da cajucultura. Também realizamos um trabalho muito forte com 150 produtores rurais cearenses em 20 municípios produtores de caju”, finaliza Gerson Linhares.
Serviço
O que: Museu do Caju
Onde: Rua San Diego, 332 – Parque Guadalajara – Caucaia – Ceará
Informações e reservas: (85) 3237.2687 / (85) 9.8835.9915
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