Em tempos de crise climática, prever os efeitos das alterações do clima em florestas tropicais secas é essencial para planejar ações que diminuam os impactos negativos e previnam a desertificação.
Foi com a pesquisa de identificação de indicadores ecológicos para monitorar estes impactos na Caatinga que a tese de Ana Cláudia Oliveira ganhou o Prémio Científico Mário Quartin Graça 2022.
O trabalho é resultado da parceria entre o Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (ULisboa).
Intitulada “Ecological indicators as tools to monitor the effects of climate change on Tropical dry forest”, a tese foi premiada na categoria de Tecnologias e Ciências Naturais. O prêmio é concedido anualmente pela Casa da América Latina e pelo Banco Santander para as melhores teses realizadas por pesquisadores portugueses ou latino-americanos, em temas de interesse comum ou resultantes da colaboração entre universidades de Portugal e da América Latina. A premiação ocorreu em 21 de dezembro de 2022, em Lisboa, Portugal.
“Este prêmio representa o reconhecimento de um trabalho que sempre quis fazer, associado à minha terra, e me sinto muito grata, pois contou com a ajuda de muitas pessoas”, expressou a pesquisadora premiada, Ana Oliveira (à esquerda na foto). O estudo foi orientado pela professora do Departamento de Biologia Vegetal da ULisboa, Cristina Branquinho, e coorientada pelo professor do Colegiado de Ciências Biológicas da Univasf, Renato Garcia Rodrigues.
Para a realização do trabalho, foi utilizado o banco de dados do Nema, composto por informações obtidas a partir de levantamentos de plantas realizados no âmbito das ações de avaliação e mitigação de impacto do Projeto de Integração do Rio São Francisco (Pisf). A pesquisa abrange uma área total de 700 quilômetros, incluindo os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte.
Propor ferramentas de prevenção à desertificação decorrente das alterações climáticas, principalmente em terras secas, foi um dos principais motivadores para o estudo premiado. De acordo com a pesquisadora Ana Oliveira, a Caatinga é um dos ecossistemas mais biodiversos das florestas tropicais secas e um dos mais vulneráveis a estas alterações, e que vem sofrendo modificações intensas na sua paisagem. “Dessa parceria e tese poderemos ainda colher muitas inovações tecnológicas para a Caatinga, em especial, a questão de restauração ecológica, conservação e agricultura familiar face às alterações climáticas”, ressalta Ana.
Os indicadores ecológicos e métricas de diversidade (taxonômicas e funcionais) identificados na pesquisa podem ser utilizados de forma universal, então o novo desafio é testar para outros tipos de ecossistemas e propor em escala global. “Este prêmio é um aditivo para seguirmos com o desafio de produzir conhecimento para conservação e preservação da Caatinga, através das ações de licenciamento ambiental do Pisf, além de demonstrar a importância de dar continuidade a este trabalho”, afirma o professor Renato Garcia, coordenador do Nema.
Parceria entre Nema Univasf e Ciências ULisboa – A pesquisa recebeu suporte financeiro do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR), através das ações do Nema/Univasf no âmbito do Pisf, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT)/Ministério da Educação e Ciência (MEC) de Portugal.
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