Na luta pela democratização da terra, a implantação da Reforma Agrária no país e pela transformação da estrutura social, na construção de novas relações sociais entre as pessoas e a natureza, o MST inicia um período místico e simbólico de festa, com atividades de celebração, formação e reflexão rumo aos 40 anos de lutas, resistência e conquistas.
O MST hoje é um dos movimentos camponeses com mais tempo de existência no Brasil e um dos mais importantes da América Latina. Se constituindo como um patrimônio histórico na luta de classes e resistência dos trabalhadores/as no mundo.
A dirigente e coordenadora da secretaria operativa dos 40 anos MST, Rosmeri Witcel, fala sobre a expectativa das celebrações, o fortalecimento da luta e enraizamento do projeto de Reforma Agrária Popular na base do MST.
“A expectativa é de falar de nós, olhar para nosso Movimento Popular como esse grande educador popular, que participa com outras forças na construção de novo modo de viver e amar. É momento de mexer com toda nossa base, nossa militância, nossos parceiros e parceiras para celebrar a chegada da maturidade do movimento camponês que logrou chegar aos 40 anos, e pode celebrar suas conquistas com unidade. E assim, vamos narrar nossa história e manter viva e pulsante nossa memória”, projeta.
Ela explica que ao se aproximar dos 40 anos, o MST mantém como desafio permanente derrotar o latifúndio da terra, do saber, da comunicação, da riqueza e da concentração da renda no país, além de seguir lutando pela realização da Reforma Agrária Popular, que se traduz no “encontro com as necessidades sociais, o cuidado com o meio ambiente, com a nossa casa comum a terra, a produção de alimentos, e na construção de novas relações sociais de produção e humanas. Esse é o sentido de festejar.”
As comemorações também apontam para a necessidade do Movimento em concretizar o terceiro objetivo, que visa a construção de um novo projeto de sociedade, com o fim da exploração, da concentração da renda e da riqueza. E a garantia ao direito de acesso à terra, à educação, saúde, moradia, cultura, lazer, entre outros. “Nossa festa será completa quando pudermos celebrar o fim de todas as formas de violências, derrotarmos o analfabetismo, derrotarmos o capitalismo e todas as suas representações”, ressalta.
Nessa caminhada coletiva rumo aos 40 anos, o MST e as famílias Sem Terra tem muito a celebrar, mostrar e compartilhar com a sociedade. Pensando nisso, no decorrer de 2023 está sendo programado um calendários de comemorações em todas os cantos do país, que irá culminar em uma celebração no 7º Congresso Nacional do MST em 2024.
Como movimento popular, de massa e força política na sociedade brasileira, o MST já conquistou o assentamentos para mais de 400 mil famílias em 23 estados brasileiros e no Distrito Federal. Nesse período os Sem Tem vêm enfrentando o poder e a violência do latifúndio e do agronegócio, com massacres e assassinatos que ceifaram a vida de muitos lutadores e lutadoras da luta pela terra, além da repressão e despejos.
Por outro lado, o MST logrou avançar na agroecologia, na cooperação e na construção de novas relações humanas e de produção. “Nesses anos, construímos mais de 60 cooperativas e várias agroindústrias. Avançamos na participação das mulheres, dos LGBTQIA+, da juventude. Enfrentamos com veemência o preconceito racial, o machismo e todas suas facetas violentas, a LGBTfobia, a pandemia e a fome com solidariedade, plantando e colhendo para alimentar o povo trabalhador/a”, comemora a dirigente.
Entre as vitórias também estão a melhoria das condições econômicas das famílias camponesas e a luta pelo acesso à uma educação pública e de qualidade no campo, que valoriza a realidade cotidiana da luta coletiva pela terra, os saberes populares e ressignifica a cultura camponesa.
“Tivemos vitórias no campo econômico, de possibilitar aos camponeses a terra como um lugar de produção do bom alimento, da boa moradia, da renda sendo repartida, da vida digna com esperanças renovadas. Construímos escolas em nossos assentamentos, escolas de formação, centros de formação, cooperativas de produção, nossa editora Expressão Popular, entre outros”, relata Rosmeri.
Nesse sentido, ao se aproximar da maturidade, o MST também tem muito a celebrar como uma força política e de referência na luta de classes brasileira. Seu processo de luta coletivo, permanente e massivo, possibilitou ocupar, enraizar e desabrochar a presença dos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária em todo território nacional, ocupando com suas bandeiras vermelhas, seus instrumentos de trabalho, estudo, alimentos saudáveis e com muita mística do povo Sem Terra todos os cantos do país. Assim, em cada latifúndio ocupado e conquistado, o MST foi alterando a geografia, a política, a cultura, as relações econômicas e sociais locais e do entorno.
“Construímos um movimento que luta por justiça social, e que vai além de sua pauta especifica, um movimento popular que se solidariza com outras organizações. O MST, luta para resolver os problemas sociais do povo Brasileiro. Chegamos com uma base militante forte, disposta a seguir a luta social sem esmorecer, fazendo a luta pela Reforma Agrária Popular e a transformação social. E uma militância aguerrida, com capacidade de luta, de agitação, de organização e formação”, argumenta a dirigente.
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