Adolescentes de 26 municípios cearenses tiveram a oportunidade de participar do Encontro Estadual de Adolescentes pelo Clima, na semana passada.
Promovido pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), o evento reuniu os jovens no Parque Estadual do Cocó, em Fortaleza, para o diálogo sobre a Emergência Climática e uma trilha ecológica na Unidade de Conservação.
O Encontro faz parte da agenda do Selo Unicef que tem a adesão dos 183 municípios cearenses. O Selo é uma iniciativa para estimular e reconhecer avanços reais e positivos na promoção, realização e garantia dos direitos de crianças e adolescentes em municípios do Semiárido e da Amazônia Legal brasileira. No Ceará, é executado pela Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE). Reportagem é de Alice Sales Agencia Econordeste.
De acordo com Rui Aguiar, chefe de escritório do Unicef, em Fortaleza, o evento no Parque Estadual do Cocó faz parte de uma iniciativa maior. A ideia é conscientizar e desenvolver ações de combate às mudanças climáticas com a juventude a partir dos Núcleos de Cidadania e Desenvolvimento dos Adolescentes (Nucas).
Ele explica que, no Ceará, foram contemplados aqueles municípios que possuem questões ambientais singulares, como lugares onde há pessoas impactadas por empreendimentos, que passam por processo de desertificação, ambientes costeiros, que possuem áreas de proteção ambiental e algumas outras características importantes como é o caso dos municípios com comunidades quilombolas e indígenas.
Apesar dessa seleção, as atividades serão realizadas por todos os municípios do Ceará. O próximo passo é dar continuidade nas ações de capacitações sobre as mudanças climáticas em uma turnê de teleconferências com esses jovens, além do apoio técnico para que realizem essas atividades em suas cidades. O projeto também incentiva a criação de clubes em cada um dos municípios para a realização de ações voltadas para o ativismo jovem. “A gente espera que até março sejam realizados dias D de mobilização e que esses clubes sejam mobilizados com o nosso apoio”.
ATIVISMO JOVEM: Em um dia todo de programação, o Encontro de Adolescentes pelo Clima, no Parque do Cocó, foi um momento dinâmico e de muito aprendizado para os jovens. Jaiciane Matos, de Almofala, em Itarema, é indígena da etnia Tremembé e ressalta que essa é a primeira vez que participa de um evento como esse. Ela conta que tudo que aprendeu durante o dia no Parque do Cocó será levado para a sua comunidade onde vive em harmonia com a natureza, mas que, com o conhecimento, essa relação pode ser ainda mais proveitosa e respeitosa.
As irmãs Alane e Ariane do Nascimento também levarão para o município de Salitre, onde vivem em uma comunidade quilombola, novos saberes para compartilhar e mobilizar os demais jovens. “Aprendemos aqui o quanto o ser humano prejudica o meio ambiente. O quanto os resíduos fazem mal à natureza. Penso em me engajar em projetos e conscientizar pessoas na minha comunidade para ajudar o meio ambiente”, destaca Alane.
Para Rui Aguiar, o encontro realizado no Parque Estadual do Cocó, traz aos jovens um significado que vai além da importância ambiental da Unidade de Conservação. “É um espaço que nasceu de um movimento social para preservar essa área verde da cidade. O Parque do Cocó tem uma importância ambiental e social, mas também histórica para mostrar aos adolescentes o quanto o movimento social é importante e tem força. A gente também organizou uma trilha no Parque onde foram apresentadas algumas questões importantes para a percepção das mudanças climáticas”.
Na ocasião, os jovens também contaram com uma aula sobre emergências climáticas ministrada por Magda Maya, doutora em Desenvolvimento e Meio Ambiente e Maristela Crispim, editora-chefe da Eco Nordeste – Agência de Conteúdo e diretora executiva do Instituto Eco Nordeste, instituição parceira do Projeto.
“Para nós da Eco Nordeste é motivo de grande alegria essa parceria com o Unicef, já que a Emergência Climática precisa ser considerada por todas as pessoas, esses jovens têm um potencial multiplicador incrível e daqui a uns anos estarão no mercado de trabalho em diferentes áreas. Sem contar que este recorte traz adolescentes indígenas, quilombolas e de comunidades com peculiaridades ambientais do Estado do Ceará para o centro desta discussão estratégica”, afirma Maristela Crispim.
Para Magda Maya, o evento superou as expectativas e a melhor parte ficou por conta do interesse e lucidez dos jovens participantes em relação ao conteúdo sobre mudanças climáticas: “Nosso papel (meu e de Maristela) acabou sendo o de qualificar as informações que muitos já tinham boas noções, além de demonstrar metodologias para que eles mesmos sejam facilitadores de processos semelhantes em suas cidades/comunidades. Um ponto especial particularmente importante para mim foi a aquisição de meu livro Sustentabilidade 4.0 por parte do Unicef para presentear cada um dos adolescentes participantes e como forma de entregar a eles uma referência científica e criativa para inspirar suas futuras ações”.
Durante o encontro, a proposta de trabalhar o tema mudanças climáticas pelo Unicef foi apresentada por Nilson Alves, coordenador de adolescentes do Selo Unicef, que também ministrou encaminhamentos para a formação dos clubes em cada município . As recém-empossadas secretárias de Juventude e de Meio Ambiente do Estado, Adelita Monteiro e Vilma Freire, estiveram no evento, em suas primeiras agendas oficiais.
O evento contou com a participação de adolescentes dos municípios cearenses de Aquiraz, Aratuba, Baturité, Catunda, Caucaia, Crateús, Cruz, Eusébio, Horizonte, Iracema, Itapipoca, Itarema, São Benedito, Maracanaú, Monsenhor Tabosa, Pacatuba, Pacujá, Poranga, Quiterianópolis, Quixeramobim, Salitre, São Gonçalo do Amarante, Sobral, Solonópole, Tamboril e Tauá.
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