O coronel Marcelo Ustra da Silva Soares, primo do torturador da ditadura militar Carlos Alberto Brilhante Ustra, está entre os 40 militares que atuavam na coordenação do Palácio da Alvorada e foram dispensados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
As demissões, que não foram justificadas, ocorrem após dois casos recentes envolvendo a segurança e a administração dos palácios presidenciais: a invasão de manifestantes golpistas ao Palácio do Planalto, no último dia 8, e as denúncias da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, sobre o estado em que encontrou o Palácio da Alvorada. A dispensa passou a valer em 13 de janeiro, mas só foi publicada na edição de hoje do Diário Oficial da União.
Marcelo Ustra, que estava como assessor técnico militar do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) desde 2020, é bisneto de Celanira Martins Ustra, avó de Brilhante Ustra. Em dezembro do ano passado, ele integrou a comitiva do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a Orlando, nos Estados Unidos.
Em novembro do ano passado, o coronel compartilhou nas redes sociais um vídeo do primo, com os dizeres: "Alguém pelo amor de Deus ressuscitem (sic) este homem urgente".
“A nomeação não tem absolutamente nada a ver com indicação, com família. É uma nomeação de um plano normal de seleção dentro do Exército”, disse o militar à coluna de Guilherme Amado em julho de 2021, quando foi divulgada a informação.
Quem foi Brilhante Ustra
Coronel do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra era comandante do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna) durante a ditadura militar.
Os DOIs eram onde inimigos do regime eram presos ilegalmente e torturados, e são um símbolo da repressão militar após o AI-5 (Ato Institucional n° 5). A Justiça de São Paulo reconheceu Ustra como torturador em primeira e segunda instância.
O coronel passou a ser conhecido em todo o Brasil quando o ex-presidente Jair Bolsonaro, durante votação do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT), quando era deputado, dedicou seu voto a Ustra.
"À memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff", bradou Bolsonaro. Ao longo de sua carreira em cargos públicos, Bolsonaro nunca escondeu sua simpatia pela ditadura e por Ustra.
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