A festa da democracia movimenta a esperança de um Brasil melhor e uma multidão de pessoas oriundas de todos os cantos do país e do exterior.
Uma gente movida pelo desejo de ver de perto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito com 60.345.999 votos, tomar posse em 1º de janeiro, pela terceira vez na Presidência.
A confiança de que as forças policiais cumprirão o papel constitucional de garantir a segurança e a ordem encoraja brasileiros de todas as idades a deixarem suas cidades rumo à capital. E outras tantas, a abrirem suas casas para receber amigos, familiares e até desconhecidos.
De Areia, Paraíba, a professora Ana Cristina postou a "expectativa de poder assistir a festa de democracia". O blog destacou que várias caravanas de Juazeiro, Petrolina e região do Vale do São Francisco e norte da Bahia se preparam para ir ao evento da posse em Brasilia. Veja AQUI.
O jornal Correio Braziliense informou que o desejo de ver Lula subir a rampa levará Eduardo Moraes a percorrer 7.357 quilômetros. O diretor de tecnologia tem 50 anos e é natural de Taubaté (SP), mas, atualmente, vive em Ottawa, no Canadá. "Chego em Goiânia no dia 31, passo a noite num hotel e, dia 1º cedo, estarei na Esplanada, para a festa. Depois da notícia da bomba, fiquei apreensivo. Mas, agora, que o ministro Alexandre Moraes proibiu o porte de armas, estou mais tranquilo e não deixarei de prestigiar a festa", diz.
Para além dos festejos, Eduardo diz não acreditar em um milagre durante a gestão do petista. Sonha, entretanto, em voltar a ter orgulho de ser brasileiro, independentemente de onde esteja. "Espero que este novo governo seja de conciliação. Que possa trazer de volta a paz perdida por tantos anos de incitação ao ódio e a divisão. Que a gente possa voltar a ser um só Brasil", sonha.
Em setembro, o fotógrafo Danilo Fernandes Dias Alvarez, 24, e a mãe, Mônica Mata Machado Fernandes Dias, 61, assistente social aposentada, residentes em Belo Horizonte, estavam com passagens aéreas para Brasília e reserva de hotel em mãos. As eleições ainda estavam em fase de campanha, com debates acirrados, mas as pesquisas apontavam que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seria eleito. Com esse sentimento de "já ganhou", a dupla otimista decidiu fechar as compras.
A vitória foi confirmada, mas eles não imaginavam que teriam uma agradável surpresa agora na reta final. "Vamos ficar no mesmo complexo de hotéis que o presidente Lula está hospedado, que fica bem ao lado da Torre de TV. Não tínhamos como saber disso quando fizemos a reserva, então foi um enorme presente", conta Danilo. O fotógrafo mineiro observa que, além da fé, foi movido pela razão econômica. "Decidimos arriscar antes do resultado, pois sabíamos que os preços de passagem e de hospedagem aumentariam depois do resultado. E essa diferença seria maior que uma possível multa de cancelamento", calcula.
Mãe e filho saem nesta quinta-feira (29/12) de Belo Horizonte e estão muito animados para o evento histórico, mas também preocupados e com medo por causa dos últimos acontecimentos. "Planejamos passar a virada na Esplanada e, no dia seguinte, acompanhar toda a posse o mais próximo possível do Congresso, mas o quanto a gente se sentir seguro também", explica o rapaz, que, na ocasião da primeira posse, tinha apenas 2 anos de idade. "Esta é a realização de um sonho para minha mãe, que quis marcar presença em 2003 e não pôde", conclui.
Para a bailarina e professora Gisele Calazans, 41, o momento será de grande celebração ao ajuntamento de forças pela vida. "Foram anos muitos cinzentos. Marcados pela destruição, pelo desafeto, pelo desamor em todos os níveis. Celebrar e festejar essa retomada, é um ato de resistência", acredita. Brasiliense, ela mora em São Paulo há 22 anos e veio para o DF curtir a cerimônia junto ao marido e as filhas. "Minha mãe e irmã ainda moram aqui. Viemos para o Natal e decidimos que ficaríamos para o Ano Novo por causa da posse", confessa.
Gisele brinca que o planejamento da viagem foi feito antes mesmo do resultado do segundo turno ser divulgado. "Certeza (da vitória) ninguém tinha. Mas compramos as passagens com a fé de que ganharíamos. Foi quase uma promessa", conta a professora, deixando um recado ao presidente eleito. "A partir do dia 1º de janeiro, espero que o Brasil possa estar, prioritariamente, comprometido com a justiça social. Não vejo horizonte possível se não houver enfrentamento às desigualdades desse nosso país", deseja.
À medida que as horas passam, os brasilienses tecem uma rede de solidariedade para receber quem não tem condições de pagar pela hospedagem ou não encontrou mais vagas disponíveis na rede hoteleira. É o caso da bancária aposentada Mirian Fochi, 59. Moradora do Lago Norte, ela vai receber cinco pessoas em casa. "Soube por um grupo de whatsapp que muita gente está precisando de hospedagem solidária e me prontifiquei a recebê-los. Fizemos uma vídeo-chamada e nos conhecemos um pouco. Uma das pessoas já chegou. As demais, só no sábado. Será quando vamos saber mais um do outro", conta Mirian, revelando que as pessoas virão da Bahia, Fortaleza, Porto Alegre e do Peru.
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