O termo bem-estar vem ganhando espaço e cada vez mais importância tanto no cotidiano das pessoas quanto no das empresas, que passaram a se preocupar mais com esse aspecto do ambiente corporativo.
Por ser algo particular e ligado à subjetividade de cada um, o desafio da área de desenvolvimento humano com relação a esse tema junto aos colaboradores é enorme e extremamente desafiador.
Antes restrita à vida pessoal, a busca pelo bem-estar tomou conta também do profissional quando os limites entre esses dois mundos ficaram mais tênues, principalmente com a chegada do home office, tendência que veio para ficar no pós-pandemia.
Se antes ainda havia alguma diferenciação entre as rotinas pessoal e de trabalho, ela deixou de existir quando o escritório foi montado dentro das casas dos profissionais. À distância, o desafio da área de RH e de gestão de pessoas para reduzir o turnover, gerar engajamento e fortalecer o sentimento de orgulho em pertencer nos colaboradores, fez com que novas pautas entrassem na agenda como o investimento no pacote extra salário, e a preocupação com o bem-estar físico e mental de todo o time.
É importante também levar em consideração os anseios das diferentes gerações que estão presentes hoje nas empresas. Trabalhando todas juntas e misturadas de forma remota, presencial ou híbrida, fica ainda mais complexo conseguir agradá-las. Um levantamento realizado pelo Indeed revela que as preferências no momento de buscar uma vaga de emprego, ou escolher entre uma e outra proposta, acabam tendo critérios diferentes entre as gerações de profissionais.
Ambientes descontraídos são uma preferência para 48% da geração Z, ficando à frente de salários maiores, que somam 33%. Já para os millennials, 47% preferem garantir uma remuneração fixa maior e 34% levam em conta a descontração no ambiente de trabalho. Considerando todos os entrevistados, questionados sobre o dia a dia corporativo, 41% priorizam ambientes descontraídos e saudáveis, mais do que o dobro da média de 2021, que ficou em 19%.
Ou seja, na balança da saúde mental, conciliar vida profissional e pessoal em ambientes que estimulem e valorizem as interações pessoais, passou a ser um fator determinante para a escolha por um ou outro empregador.
Embora seja possível proporcionar bem-estar aos colaboradores, entende-se, por outro lado, que não existe uma receita que entregue o mesmo resultado para todos. Aspectos como o segmento de atuação da empresa, perfil dos profissionais contratados, região em que moram, composição familiar e preferências pessoais podem determinar o sucesso ou o fracasso de um programa.
Entre as ações que as empresas podem desenvolver, estão melhorias no pacote de benefícios, fortalecimento da cultura organizacional, investimento em comunicação clara e direta com os colaboradores e adoção de políticas de transparência.
Essas iniciativas são grandes diferenciais para estabelecer e manter vínculos de proximidade e engajamento entre as equipes, fazendo com que os valores da empresa sejam assimilados e praticados.
Todas essas ações precisam estar conectadas a um ambiente saudável, colaborativo, pautado pelo diálogo, gestão horizontal, feedback construtivo, entre outras práticas. É necessário que cada empresa encontre o que realmente faz a diferença para o seu cliente interno e, mais importante, o colaborador. E acima de tudo, pratique, sistematicamente, o que diz fazer.
Para medir os resultados dessas ações, as pesquisas de clima e engajamento interno são fundamentais. Os dados coletados podem ser usados na tomada de decisão da área de desenvolvimento humano, para que a equipe pense cada vez mais de forma estratégica e esteja alinhada às expectativas dos colaboradores.
Nesse sentido, a análise de evidências funciona como um termômetro para avaliar os programas e atividades do momento, verificando o que pode ser descartado, o que precisa de melhorias ou mesmo ser apresentado como ideia para desenvolvimento futuro de novos programas e ações.
Dados externos de pesquisas também podem ser considerados, como o Guia Salarial 2022, da Robert Half, que aponta a flexibilidade e a possibilidade de escolha de benefícios como a melhoria mais desejada pelos atuais profissionais.
Ouvir as pessoas, analisar informações e tomar decisões bem embasadas são o melhor caminho para garantir a satisfação plena no ambiente de trabalho. Claro que nem sempre será possível agradar a todos com o mesmo nível de satisfação, mas conhecendo bem o perfil dos colaboradores, suas preferências e levando em consideração as tendências do mercado de trabalho, as chances de sucesso aumentam consideravelmente.
Carolina Florence é diretora de Desenvolvimento Humano, Gestão Organizacional e Comunicação da i4pro.
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