A deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) sugeriu, neste sábado (12), a criação de um órgão técnico para monitorar as medidas tomadas pelo Brasil na luta contra as mudanças climáticas.
“Naquilo está esboçado inicialmente, tem um caráter técnico de acompanhamento e articulação da capacidade de implementação das ações voltadas para a mitigação, mas também em relação à adaptação. E da capacidade de resiliência do país face as mudanças climáticas”, afirmou em coletiva de imprensa na COP27, em Sharm-el Sheikh, no Egito.
A ex-ministra é cotada para assumir uma função de alto escalão na área ambiental no governo Lula.
Detalhes da proposta, como a qual pasta a autoridade estaria subordinada, ainda estão sendo acertados. Mas a ex-ministra tem reforçado a necessidade de um trabalho integrado e não setorial.
Marina Silva comparou sua ideia com órgãos já existentes, como a Autoridade Nacional de Segurança Nuclear, responsável por regular e fiscalizar as atividades e instalações nucleares no Brasil, além dos órgãos responsáveis por monitorar a inflação. “Do mesmo jeito que as autoridades monetárias acompanham problemas ligados a inflação, nós temos que verificar quem está inflacionando, do ponto de vista climático”, afirmou.
Já se fala em outra proposta neste sentido, que seria a criação de uma secretaria ligada à Presidência da República. Mas a ex-ministra reforçou que o órgão que ela sugere é diferente e não teria natureza política. “É algo inovador e eu diria muito potente, vai mostrar que o Brasil não está apenas fazendo anúncios vazios. Queremos criar mecanismos de controle para evitar que furemos a nossa própria meta”.
Visita de Lula
A visita do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à Conferência do Clima no Egito desperta interesse entre líderes nacionais e internacionais. Além de Marina Silva, outros aliados do petista já se preparam para a sua chegada. Já se fala, inclusive, na possibilidade de Lula ter um plenário só para ele discursar.
Marina Silva afirmou que não poderia antecipar a o tom do discurso de Lula, mas disse que sua presença na COP27 é a grande mensagem. “Por que alguém acaba de ser eleito, que nem assumiu tem essa grande expectativa? Com certeza por causa daquilo que ele já anunciou durante sua campanha, de que o Brasil volta ao protagonismo climático, internacional.”
A ministra citou como prioridades de Lula alcançar o desmatamento zero e a preservação de florestas que, de acordo com ela, não deve ser feita de maneira isolada.
“A principal mensagem já foi dada pelo presidente Lula no discurso da vitória: de que o Brasil volta ao protagonismo ambiental no espaço multilateral. Que a proteção das florestas é uma prioridade de mais alto nível (…) não só das florestas brasileiras, mas também das florestas tropicais de modo geral. Das grandes potências florestais do mundo”.
O Brasil faz parte de duas negociações que envolvem possíveis alianças florestais. Uma delas seria com a República Democrática do Congo e com a Indonésia, no que está sendo apelidado de “Opep das florestas”. Os três países juntos compõem cerca de 52% de todas as florestas tropicais virgens do mundo.
A outra aliança seria a Parceria de Líderes de Floresta e Clima, anunciada no início da conferência de Sharm el-Sheikh. Mais de 25 países aderiram à ideia. O Brasil, por enquanto, optou por ficar de fora.
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