Desde o início desse mês de novembro que Confederação Brasileira de Futebol (CBF) exibe uma peça publicitária exaltando o amor à camisa da seleção - uma campanha visando separar o uniforme do cenário político nacional.
O material, que pode ter passado batido em meio às expectativas da convocação, conta com imagens de brasileiros vestindo a camisa verde-amarela ao som de um rap com trechos da música “Tão Bem”, de Lulu Santos.
Através da campanha batizada “Energia”, a CBF busca dar o primeiro passo para desvincular a camisa e o cenário político do país, e despertar novamente a paixão do torcedor pelo Brasil e a união em prol da busca pelo hexa, associando o refrão “Ela me faz tão bem” ao manto verde-amarelo.
Nos últimos anos, a tradicional camisa da seleção brasileira se tornou símbolo dos grupos políticos apoiadores do presidente Jair Bolsonaro. Para os demais torcedores que não o apoiam, o uso partidário do padrão gerou um afastamento da camisa e da equipe.
"Nas pesquisas que vinham sendo feitas sobre a Seleção e a Copa, até o resultado da eleição, mostravam que havia a diminuição da identificação da população com a Seleção. Então, um projeto comercial como o da CBF tem que se desvincular de qualquer identidade ideológica. É uma leitura de imagem, de comércio, que percebe que o uso de sua camiseta contaminou a relação que sempre existiu com os brasileiros. Uma marca nacionalizada e muito popular sofre queda se continuar nesta toada", explicou o cientista político Rudá Ricci.
O objetivo da CBF era iniciar a campanha o quanto antes, mas entenderam que a espera pelo fim do processo eleitoral era essencial para resgatar o uniforme como um símbolo da seleção brasileira de futebol. A entidade buscou se distanciar de manifestações políticas, preservando sua imagem e da equipe.
O desafio de proteger o time de antipatias devido a política acabou sendo ainda maior após o posicionamento de Neymar em apoio a Bolsonaro, prometendo até mesmo comemorar um gol com uma homenagem ao presidente.
Na visão do cientista político formado pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a CBF deverá se movimentar para proibir qualquer ato político dos jogadores durante o Mundial. "A postura do Neymar e outros atletas pioraram essa situação. Imagino que vai ter toda uma orientação para nenhum jogador dar declaração neste sentido. Eles (CBF) estão corretos, no ponto de vista do negócio", pontuou.
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