Segundo levantamento realizado pelo ANDES-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior), atualmente são 20 IES (Instituições de Ensino Superior) sob a gestão de um interventor escolhidos pelo presidente Jair Bolsonaro.
A lista é citada pelo estudante Bruno Rodrigues, estudante da Universidade Federal do Ceará e militante do Afronte Ceará. Ele diz que "em quase todas essas universidades, a situação é de perseguição ao movimento estudantil e à atuação sindical dos professores e servidores".
Confira as universidades:
1) Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF); 2) Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB); 3) Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS); 4) Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD); 5) Universidade Federal do Ceará (UFC); 6) Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); 7) Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB); 8) Universidade Federal do Semi-Árido (UFERSA); 9) Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM); 10) Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); 11) Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS); 12) Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa); 13) Universidade Federal da Paraíba (UFPB); 14) Universidade Federal do Piauí (UFPI); 15) Universidade Federal Sergipe (UFS); 16) Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC); 17) Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN); 18) Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET-RJ); 19) Universidade Federal de Itajubá (Unifei); 20) Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)
Segundo o estudante, "um dos casos mais dramáticos é o da Universidade Federal do Ceará, cujo interventor, o bolsonarista Cândido Albuquerque, tem feito da reitoria um verdadeiro bunker político para perseguir o movimento estudantil, os professores e os servidores".
"Ao longo da sua gestão não houve uma única oportunidade em que o movimento estudantil tenha conseguido sentar para apresentar alguma reivindicação à reitoria. Na verdade, em praticamente todas as reuniões do Conselho Superior Universitário e do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão as decisões mais elementares sobre calendário ou sobre as bolsas, vêm sendo tomadas sem a presença das representações discentes, já que Cândido decidiu de forma completamente arbitrária não reconhecer o processo eleitoral que elegeu essas representações", acusou o militante.
Na última tentativa de eleições para o Diretório Estudantil, Cândido inclusive prestou-se ao papel de tentar processar os membros da comissão eleitoral no MP-CE, como manobra dissuasória sobre os estudantes.
Gozando dessa correlação de forças, Cândido tem usado os espaços dos conselhos para conceder agrados a seus compadres, como o empresário bolsonarista Beto Studart que, mesmo não tendo feito nada de relevante pela UFC, foi agraciado por Cândido como o título Doutor Honoris Causa, oferecido somente a pessoas como Rachel de Queiroz e Chico Buarque.
Seu tratamento dispensado aos professores não é muito diferente. Há poucos meses, Cândido tentou perseguir professores da Faculdade de Direito, alegando “insubordinação, descumprimento de deveres funcionais e indisciplina”, em razão da atuação sindical de cinco professores daquela Faculdade.
A expectativa do estudante é que a "eleição de Lula certamente deve estar a serviço, além de outras coisas, da luta por recompor orçamento do ensino superior, brutalmente esvaziado ao longo dos últimos anos, contemplando os programas de pesquisa, provimento de bolsas de mestrado e doutorado, os fundos de assistência estudantil. Mas também deve estar a serviço da defesa da autonomia e da democracia universitária, ou seja, de garantir o Art. 207 da Constituição Federal que afirma que. “As universidades gozam, na forma da lei, de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial e obedecerão ao princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.”
"Assim, deve estar na pauta de luta das comunidades universitárias de todo o país, o fim das malfadadas listas tríplices enviada para a chancela do MEC e do Presidente da República, para seja assegurado que o processo de decisão sobre a escolha de reitores seja iniciado e encerrado no âmbito de cada instituição de ensino", finalizou estudante Bruno
EXPECTATIVAS: No ensino superior, o principal desafio será a recomposição orçamentária, após os sucessivos cortes e bloqueios, diz Ricardo Marcelo Fonseca, presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes).
“É uma questão de sobrevivência. Precisamos que o novo MEC compreenda o papel do ensino superior como estratégico para o futuro", diz. "E entram aí questões sempre importantes: adequada remuneração dos professores, formação de funcionários e reajuste das bolsas da pós-graduação."
Nogueira Filho, do Todos Pela Educação, também coloca a questão dos professores como "condição absolutamente necessária para um projeto transformador de educação".
"O esforço deve ser para mudar radicalmente a formação inicial dos docentes, além de induzir que os estados e municípios repensem essas carreiras, em critérios de remuneração, condições de trabalho e políticas de desenvolvimento profissional."
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