Imagens de satélite analisadas pelo MapBiomas revelam que as áreas urbanizadas do país passaram de 1,2 milhão de hectares em 1985 para 3,7 milhões em 2021, sendo que mais da metade dessa expansão se deu sobre áreas que um dia já foram utilizadas pela atividade agropecuária.
No mesmo período, os aglomerados subnormais – como são classificadas as favelas nas estatísticas do IBGE – tiveram aumento de 106 mil hectares, totalizando 140 mil hectares em 2021.
Entre os biomas, o Cerrado apresentou o maior aumento de urbanização em áreas de risco, assim como a maior perda de vegetação nativa para a expansão urbana, enquanto a Amazônia liderou o crescimento percentual de favelas. Os dados são do mais recente levantamento da rede colaborativa, divulgado na última sexta-feira (4).
“A expansão das áreas urbanizadas se deu sobretudo em áreas de agropecuária. Sessenta e oito por cento da expansão, entre 1985 e 2021, foi sobre áreas de pastagem, de mosaicos de uso, e de agricultura”, disse a coordenadora do mapeamento de Áreas Urbanizadas do MapBiomas, Mayumi Hirye, durante a apresentação.
Apesar disso, também chama a atenção do MapBiomas o avanço da urbanização sobre áreas com vegetação nativa. “Vinte e dois por cento do crescimento das áreas urbanizadas foi sobre as formações naturais, então as áreas de savana, de floresta, de campos, e outros usos, que foram perdidos para a urbanização”, acrescentou Hirye.
Em alguns estados, porém, houve perda de mais da metade da cobertura natural para as áreas urbanizadas, o que, segundo o MapBiomas, afeta os ecossistemas naturais em que se inserem as cidades. “Contribuindo para uma resposta menos eficiente aos desafios climáticos”, explicou a coordenadora da rede colaborativa.
No Piauí, por exemplo, 68,4% (29.029 hectares) da urbanização ocorreu sobre cobertura natural, as formações florestais e savânicas somam 26.421 hectares perdidos. Já no Amazonas, foram perdidos 59,9% (17.159 hectares) da cobertura natural, como florestas e campos alagados. O Ceará perdeu 58,6% (53.845 hectares), com destaque para formações savânicas. A perda no Mato Grosso foi de 51,2% (38.156 hectares), as formações savânicas, campestres e florestais somam mais de 36 mil ha.
Dos mais de 558 mil hectares de formações naturais que foram convertidos para áreas urbanizadas entre 1985 e 2021, 156,5 mil hectares (28% do total) estavam no Cerrado. Em segundo lugar vem a Mata Atlântica (13008 mil ha), seguido pela Amazônia (123 mil ha), Caatinga (108 mil ha), Pampa (40 mil ha) e Pantanal (778 ha).
BIOMAS: O estudo concluiu que a maior parte do crescimento de área urbanizada em favelas se concentra nas capitais compreendidas nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. As cidades com maior aumento de expansão nessa categoria (em hectares) são: Manaus (AM) – 9.549; São Paulo (SP) – 5.593 ha; Belém (PA) – 5.457 ha; Rio de Janeiro (RJ) – 5.044 ha; Salvador (BA) – 4.816 ha; São Luís (MA) – 3.990 há. Cariacica (ES) – 3.216 ha; Fortaleza (CE) – 2.848 ha; Brasília (DF) – 2.837 ha; e Serra (ES) – 2.751 ha.
Entre os biomas, a Mata Atlântica ainda concentra mais da metade (53%) do total de áreas urbanizadas no país. O bioma também lidera o ranking da ocupação urbana de faixas marginais (30 m) de corpos hídricos por bioma, correspondendo a 67% de toda a ocupação urbana que pressiona as margens dos corpos hídricos.
Já a Amazônia lidera o percentual de crescimento de favelas: 29,3% do crescimento urbano nesse bioma foi em áreas informais. Na sequência, aparecem Mata Atlântica (7,9%) e Pampa (7%).
ÀREAS DE RISCOS: O MapBiomas também fez análises de imagens de satélite que permitiram identificar que a ocupação urbana em áreas de risco, como um todo, triplicou, saltando de 34,5 mil hectares em 1985 para 103,5 mil hectares em 2021. Nas áreas informais esse avanço foi ainda maior: um salto de 6,8 mil hectares em 1985 para 23,1 mil hectares em 2021 (aumento de 3,4 vezes).
Entre os biomas, o Cerrado lidera o ranking com o maior aumento das áreas urbanizadas em risco, com 382%, seguido da Caatinga (310%), Amazônia (303%), Mata Atlântica (297%), Pampa (193%) e por último o Pantanal (187%).
No total, 887 cidades do país apresentam alguma área urbanizada em áreas de risco, sendo que deste número apenas 20 cidades respondem por 36% de toda a área de risco ocupada nos últimos 37 anos. Salvador (BA), Ribeirão das Neves (MG), Jaboatão dos Guararapes (PE), São Paulo (SP), Recife (PE) e Belo Horizonte (MG) são as seis primeiras da lista.
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