O ex-deputado federal e presidente de honra do PTB, Roberto Jefferson, preso no último domingo (23), afirmou na audiência de custódia na Justiça Federal que deu mais de 50 tiros no para-brisa do carro da Polícia Federal, na tampa do capô e no pneu e que o fez “conscientemente”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) participou da audiência e disse que está em tratativas com autoridades judiciais e da PF para encaminhamento de Jefferson a um hospital psiquiátrico e para viabilizar a apreensão das armas de fogo dele. O ex-parlamentar classificou como “pérola” o ato da PGR.
A audiência de custódia foi realizada nesta segunda-feira (24), um dia após Jefferson ser preso por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por descumprir medidas cautelares durante sua prisão domiciliar.
“Não atirei em nenhum policial para ferir ou matar. Se eu assim desejasse, estariam todos mortos. Eu sou um hábil atirador, atiro há 50 anos, tenho curso de especialização, com o pessoal da SWAT e da SEAL. Eu faço 500 disparos por semana e sei atirar. Eu teria atirado nos quatro policiais se eu tivesse a intenção de feri-los. Não atirei em nenhum com esse objetivo e pedi desculpas à Polícia Federal porque tive notícia de que estilhaços da granada atingiram um dos policiais”, disse.
Na operação, segundo o ex-deputado, foi apreendido um fuzil 556, que foi entregue pelo Padre Kelmon, que foi candidato do PTB à Presidência neste ano, ao chefe da equipe que foi prender o parlamentar. “Não sei se apreenderam outras armas à noite. No momento da prisão, nenhum aparelho de informática ou de telefonia celular foi apreendido”, disse.
Jefferson disse que não foi maltratado, não foi constrangido ou insultado pelos agentes da PF. “Encontrei a moça que se machucou no cotovelo e na testa e ela estava zangada, mas deixei por escrito meu pedido de desculpas à Polícia Federal”.
Ele afirmou também que recebia um salário como presidente nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) até ser afastado da função por decisão judicial. Informou que não tem dinheiro guardado, não possui vícios, não bebe há dez anos e não fuma. Ele afirmou ainda que tem doenças crônicas e que toma 35 comprimidos por dia, como suplementos vitamínicos, e remédios de uso contínuo para o intestino e para controle da diabetes.
Novas críticas
O ex-parlamentar não baixou o tom dos ataques à ministra Cármen Lúcia, do STF. No depoimento, ele disse que gostaria de pedir desculpas às prostitutas por ter tê-las comparado à ministra. “Porque o papel dela foi muito pior, porque ela fez muito pior, com objetivos ideológicos, políticos. As outras fazem por necessidade”, afirmou.
Em um vídeo publicado na última sexta-feira (21), Roberto Jefferson distribuiu ataques e xingamentos à ministra Cármen Lúcia por ela ter votado para punir uma emissora de TV pelas declarações falsas contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à Presidência da República.
Jefferson ainda alegou que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, o persegue. “O ministro tem comigo um problema pessoal, me persegue por dois anos. A mim como pessoa e também ao PTB. Ele e o ministro Edson [Fachin]. Eles cortam parte do fundo partidário do PTB contra a lei, porque o partido se colocou contra o ativismo do STF. Ele diz que eu faço parte de uma milícia digital, mas eu acho que ele faz parte de uma milícia judicial no STF, por isso nós temos problemas”, afirmou.
Cármen Lúcia, Alexandre de Moraes e Edson Fachin afirmaram à CNN que não irão se manifestar sobre as falas de Jefferson.
A defesa de Jefferson afirmou que ele é um preso político, preso preventivamente pela autoridade judicial supostamente competente, sem nunca ter prestado qualquer tipo de esclarecimento. “Uma prisão numa investigação na qual a Procuradoria-Geral da República não foi instada a se manifestar antes da decretação da prisão preventiva inicial. A Procuradoria-Geral da República se manifestou no sentido de que não cabe qualquer decisão do STF sobre prisão, pois o Plenário já julgou a sua incompetência absoluta”, afirma a defesa.
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