Ex-vizinha de Luiz Galvão revela paixão pelo futebol e apelidos carinhosos ao relembrar infância de poeta

24 de Oct / 2022 às 09h18 | Variadas

O poeta, escritor e músico Luiz Galvão, que morreu na noite de sábado (22), em São Paulo, nasceu em Juazeiro, no norte da Bahia, em 22 de julho de 1935, mas seu nascimento só foi registrado dois anos depois, em 1937. Antes de iniciar a carreira artística e fundar o grupo Novos Baianos, ele era apaixonado por futebol e foi um dos primeiros a se formar em agronomia no município.

Luiz Galvão morava na Rua Fernandes da Cunha, conhecida como "Rua 15", com os pais. Foi nesse local que o artista nasceu, cresceu e tem histórias para contar.

A ex-vizinha do baiano, Rose Costa, conta que ele gostava de jogar bola com os amigos na Praça do Boi e em uma quadra, que também era usada por adeptos do voleibol.

Ele se profissionalizou pelo esporte em Juazeiro e chegou a ser campeão baiano de futebol de salão.

"Aqui tinha a quadra de futebol de salão e de voleibol, Alfredo Viana, onde Galvão jogava. Ele foi um dos primeiros integrantes da faculdade de agronomia", relembrou Rose Costa.

E antes da fama, como Luiz Galvão era chamado pelos vizinhos e amigos? Rose Costa contou que ele tinha diversos apelidos carinhosos.

"Ele é do trecho da Rua 15. Era o Luiz 'Perna de moça", Luiz "cachaça", revelou a ex-vizinha do artista.

A causa da morte não foi divulgada, mas Galvão, estava internado desde o dia 16 de setembro, quando deu entrada na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, com suspeita de hemorragia gastrointestinal. Após complicações, ele foi internado no Instituto do Coração, também na capital paulista, onde morreu.

A morte foi confirmada pela esposa do artista. O corpo de Luiz Galvão será velado no Funeral Arce, unidade do Morumbi, em São Paulo, entre 14h e 18h. Em seguida, o poeta será enterrado.

Galvão é fundador do grupo Novos Baianos, 1968, que marcou a música brasileira. Com o grupo, lançou o álbum “Acabou chorare”, que juntava samba, rock, bossa nova, frevo, choro e baião. O disco trazia faixas como “Preta pretinha”, “Mistério do planeta”, “A menina dança” e “Besta é tu”.

A coletânea foi eleita pela revista Rolling Stone como a melhor da história da música brasileira, em outubro de 2007.

Segundo a família, o músico vinha passando por problemas de saúde nos últimos anos. Ele era diabético, havia sofrido um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e um infarto. Antes da internação, ele já estava acamado.

Galvão foi hospitalizado no dia 13 de setembro após um mal estar, e chegou a receber alta no dia 14. No entanto, no mesmo dia, teve de voltar e ser hospitalizado. Com a gravidade do quadro, acabou foi entubado e foi mantido na UTI.

Durante o período de internação, a família de Luiz Galvão afirmou que ele chegou a passar uma noite no corredor de um pronto-socorro. O artista também passou por uma cirurgia vascular no final do mês de setembro.

Após pouco mais de um mês internado, na noite deste sábado, Galvão não resistiu e morreu.

CARREIRA ARTÍSTICA: Ainda adolescente em Juazeiro, Luiz Galvão conheceu João Gilberto. A amizade mudaria para sempre a história da música brasileira.

Anos depois, uma nova amizade culminaria em um dos maiores grupos da história da música popular brasileira, os Novos Baianos. Galvão se reuniu, em Salvador, com outros dois jovens saídos de cidades do interior da Bahia. De Santa Inês, no sul da Bahia, vinha Paulo Roberto Figueiredo de Oliveira, o Paulinho Boca de Cantor; e de Ituaçu, no sudoeste do estado, vinha Antônio Carlos Moraes Pires, o Moraes Moreira.

Em 1968, eles criaram o espetáculo que deu origem aos Novos Baianos, Desembarque dos Bichos depois do Dilúvio Universal.

O trio ainda ganharia os reforços Baby do Brasil e Pepeu Gomes. Além de nomes como Jorge Gomes, Dadi, Charles Negrita, Baixinho, Bola Morais e Gato Félix.

O poeta sai de cena deixando como legados a paixão pela arte, a poesia, as letras marcantes, e o bom humor. Além de uma defesa intransigente do seu povo e da sua terra.

Apesar da saúde frágil com que viveu nos últimos anos, Luiz Galvão se manteve sempre em estado de poesia. Ao lado dos filhos e da esposa Janete, acompanhando o Vasco, time do coração, ou nos mínimos detalhes, Galvão fez valer os versos que deixou eternizados. "Apesar de tudo, a vida é boa e ainda é bela".

TV São Francisco G1 Bahia Foto reprodução

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